“A esperança não decepciona!” (cf. Rm 5,5). E o lugar da Esperança é colo da Virgem Maria e de São José. Nesse colo e nesses braços também nós queremos estar. Nesses lugares sagrados também nós queremos nos colocar e apresentar todos os irmãos.
Somos convidados no Novo Ano a levar os irmãos à Jesus, em prece à Virgem Maria e por meio da intercessão de São José. Quando enfrentarmos dificuldades com os irmãos e irmãs, neste novo período de vida, o novo ano, somos, antes de tudo, convidados a colocá-los no colo da Virgem Maria e sobre os braços de São José, lugares sagrados do Menino Jesus e da verdadeira humanidade que reluz na história como sinal de esperança.
O tema da esperança tem lugar central no Jubileu de 2025 anos do nascimento do Salvador, celebrado pela Igreja, no ano novo. É um ano de festa, de perdão e de reconciliação, e de descanso para o coração. Um ano para banhar-se na misericórdia divina, deixando-se renovar e capacitar para o amor que rompe todas as fronteiras e estabelece todas as pontes.
O Jubileu desde à Antiga Aliança comemora um mandamento divino para a restauração da criação. Era um ano de descanso da terra, para que recuperasse a fertilidade; de libertação dos escravos, para que o ser humano tivesse oportunidade de recomeçar de suas falhas e erros sociais; e finalmente, era um tempo de perdão das dívidas, para que dentro do povo de Deus não houvesse quem estivesse nas mãos de outro ser humano, senão apenas sob o senhorio de Deus. Era um tempo para vencer as diversas idolatrias aprisionadoras da vida humana sobre a terra. E para abraçar a verdadeira Aliança com Deus.
Todos os preceitos indicados acima foram cumpridos na encarnação do Filho de Deus, e na restauração universal que a Trindade se propôs realizar pela cruz e ressurreição. Em Jesus Glorificado, novo Adão introduzido ao Santuário Celeste, toda a criação se renova. A natureza descansa da vingança do sangue derramado. Os prisioneiros no corpo e na alma descobrem uma vida espiritual que lhes é devida como herdeiros de Cristo. E os endividados com Deus e com os irmãos de humanidade, encontram-se diante da porta estreita do perdão e da paz, que o Espírito Santo lhes convida a ultrapassar. O Jubileu nos convida a ultrapassar a Porta Estreita e Santa do perdão para alcançar a paz. Paz com Deus, com os irmãos e consigo mesmos.
Antes, porém, o Jubileu convida à solicitude na peregrinação. Neste Ano Santo Jubilar de 2025, a peregrinação parece apresentar-se até com mais importância que a passagem da Porta Santa, pois é no caminho com o Senhor, como verdadeiros discípulos, que descobrimos a mais perfeita vocação dos santos: missionários e anunciadores da esperança do Reino de Deus.
Se na ordem salvífica da Antiga Aliança são os Anjos os portadores da mensagem de salvação de Deus, na ordem da Nova Aliança este atributo angélico, por excelência, se aplica também à comunidade dos discípulos de Jesus, enviados pela efusão do Espírito de Pentecostes até os confins da terra para anunciar Jesus Cristo, Ressuscitado e Senhor. De fato, os Anjos não foram aposentados, mas agora a nova humanidade recriada em Cristo é colaboradora eficaz das primeiras criaturas de Deus. Anjos e, os filhos e filhas de Deus, todos servindo ao Senhor do Universo.
Partilhar dessa vocação angélica sublime e bem-aventurada implica grandes responsabilidades para com Deus, com os irmãos de humanidade e de fé, e para consigo mesmos. O tempo do Jubileu não pode extinguir-se em um ano da história da humanidade, mas precisa inaugurar o Reino da misericórdia, do amor e da paz, no coração daquele que crê e na sociedade humana como um todo.
Se a Nova Aliança se inaugura pela entrada de Deus na história da humanidade, isto é, pela encarnação do Verbo divino no ventre da Bem-aventurada Virgem Maria, esse lugar sagrado, representado no presépio, manifesta o lugar inaugural do Jubileu da Esperança. É no colo de Maria e sobre os braços de José que a criação é convidada a repousar para ser renovada no brilho da glória do Menino Deus.
E o mais importante: o sábado da criação se compreende nesse lugar sagrado, o colo de Maria e os braços de José; alí o Criador repousou da preparação histórica para o advento de seu Filho e para a manifestação da Salvação Universal em Cristo; alí o próprio Verbo encontrou na carne humana descanso; alí o Espírito escolheu pousar e permanecer com sua sombra. É assim, o sábado da criação no sagrado regaço, o novo paraíso, da Família de Nazaré, que prepara e antecipa na esperança o domingo da ressurreição e o definitivo Dia de Deus no meio do seu povo.
Voltamos ao início, com São Paulo: a esperança que se fez Homem não decepciona jamais. Jesus nos convida a caminhar com Ele, bom pastor, pela criação renovada, juntos, como irmãos e irmãs, filhos e filhas de Deus, semeadores da esperança do Evangelho, ao encontro da consumação do projeto divino na história da humanidade e da consumação de seu Reino, como alegres ceifeiros no dia da colheita (cf. Is 9,2).
Que alegria do Senhor entre nós, seja a nossa força neste ano jubilar.
Grande Jubileu à Igreja de Cristo.
Padre Rodolfo Gasparini Morbiolo
Paróquia Santa Maria dos Anjos – Vitória Régia – Sorocaba/SP