No último dia 21 de abril vimos o falecimento de Papa Francisco. No sábado dia 26 de abril seu corpo, depois de velado e visitado na Igreja de São Pedro no Vaticano, foi transladado e sepultado na Basílica de Santa Maria Maior na cidade de Roma, conforme desejo manifestado pelo pontífice em seu testamento pessoal, que veio a público logo após a sua morte. A simplicidade da deposição do corpo para o velório, do tempo regulamentar entre a morte e o sepultamento, como ainda do local escolhido para o descanso de seus restos mortais, ressaltam a integridade da visão de mundo e de Igreja de Francisco.

Os cardeais reunidos em Congregação Geral, reuniões por meio das quais tomam as decisões administrativas durante o período de Sede Vacante, definiram que durante nove dias depois do sepultamento do Papa, seguiriam dias de oração com missas pelo seu descanso eterno. Ao final deste tempo de oração, depois de um breve descanso, o Conclave para eleição do futuro papa deverá começar no dia 7 de maio de 2025. A data de encerramento é imprevisível. A eleição pode ocorrer rapidamente, ou pode alongar-se por um tempo mais demorado. Ao longo do período do Conclave os cardeais eleitores ficam privados de comunicação externa, reservados a função mais nobre que lhes cabe na Igreja.

É importante ressaltar que os cardeais estão a eleger o novo bispo de Roma, que ocupa a Cátedra de Pedro. Assim, logo após eleito será apresentado à cidade e ao mundo pelo cardeal protodiácono do colégio cardinalício, definindo-se em seguida a data da Missa de início de seu ministério pontifício.

Cabe ao povo de Deus, nos dias de Conclave rezar pela eleição do futuro romano pontífice, como ainda pelo futuro governo para que seja sábio e possa conduzir como Cristo Bom Pastor, o rebanho que provisoriamente está colocado em suas mãos. A oração indicada para este fim se diz com as palavras abaixo:

“Suplicamos, ó Deus, com humildade: que vossa imensa piedade conceda à Sacrossanta Igreja Romana um Pontífice; que por seu zelo por nós, possa ser agradável a Vós, que seja assíduo no Governo da Igreja para a glória e reverência do Vosso nome. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo, Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém”.

É conveniente tomar muito cuidado com os oportunistas das mídias, jornalistas ou não, nas redes sociais ou programas de televisão aberta ou por assinatura, que se ocupam neste tempo de fazer prognósticos sobre os nomes de candidatos ao papado. Este tempo de oração pelo descanso de Francisco é também tempo em que o colégio de cardeais, inspirados pela graça da sinodalidade, estão entrando em contato com as necessidades universais da Igreja e refletindo as qualidades de cada cardeal para este ministério.

É, portanto, oportuno, fortalecer a fé na ação do Espírito Santo, virtude de Pentecostes, para onde caminhamos na liturgia, que consagra os bispos da Igreja, guarnecendo-os com sabedoria divina para escolher e conduzir a comunidade cristã. Oportuno, também, é retornar aos Evangelhos e à certeza de que Jesus não deixou sua Igreja órfã de cuidado (Jo 14), mas permanece com ela até o fim.

Finalmente, não esqueçamos do Papa Francisco e dos seus ensinamentos, e dos processos que iniciou, como não esquecemos de São João Paulo II e de Bento XVI. Vivemos tempos de grandes papas, marcados por grandes desafios e sofrimentos, que manifestam a força indestrutível da Cruz de Cristo – se, com eles, entrarmos pelo caminho da paixão não vamos encontrar um homem morto, mas um Deus Vivo e Verdadeiro, ressuscitado, que se fez homem para nossa salvação, elevou nossa humanidade à gloria de filhos e filhas de Deus, e um dia voltará para consumar sua obra e receber de volta seu Rebanho Universal.

Padre Rodolfo Gasparini Morbiolo (Abril, 2025)