Diários da peregrinação do Jubileu de 2025
Nos passos de Carlo Acutis
Santarém
Em Santarém, nossa peregrinação reservou uma parada especial, carregada de História e espiritualidade. Este local, um dos últimos redutos dos castelos Templários em Portugal, também terra natal de Pedro Álvares Cabral, navegador que veio ao Brasil. Está associado ao prestigiado conjunto das Faculdades do Minho, além de abrigar uma das lendárias Escolas de Navegação Portuguesa, conhecidas como Escolas de Sagres, berço dos grandes navegadores que cruzaram os mares e mudaram o rumo da história mundial. Mas o que realmente tocou nossos corações foi adentrar o santuário onde se encontra o Milagre Eucarístico de Santarém, reconhecido como um dos três maiores da Igreja Católica – ao lado de Lanciano e Orvieto. Esse milagre atraiu a atenção de Carlo Acutis, o jovem santo apaixonado pela Eucaristia, que veio a Portugal para catalogá-lo em seu famoso levantamento dos milagres eucarísticos ao redor do mundo.
A emoção foi indescritível ao nos depararmos tão próximos da relíquia milagrosa: poder contemplá-la, tocar a redoma que a protege e, de forma surpreendente, registrar o momento com fotografias – privilégio raríssimo, pois poucos têm essa oportunidade. Geralmente requer, várias autorizações, mas a senhora que cuida do local foi com nossa cara (na realidade sentimos que São Carlo Acutis deve estar rezando por nós) Foi uma comoção muito forte, sentimos o coração tremular, pois além de fotografar pudemos ir até a parte de trás do relicário fazer nossas orações e tocar de maneira amigável assim como Tomé fora convidado a tocar nas chagas do Senhor. Sentimos ali a presença viva de Deus, reafirmando a Fé que nos move e nos inspira, como moveu Carlo Acutis em sua breve, porém intensa, jornada de amor ao Santíssimo Sacramento. Essa experiência em Santarém renovou nosso espírito peregrino, mostrando que Deus realmente se faz presente em cada detalhe da nossa caminhada.
Nas fotos: O Relicário em sua proteção, O relicário exposto com o precioso sangue e precioso corpo, a foto do São Carlo Acutis no lado de fora da Igreja de Santarém e a Catequista Carina Andriotta refazendo os passos de São Carlo Acutis.
Carina & Derlei Andriotta.










Diários de peregrinação Jubileu 2025
Lisboa – Santo Antônio e São Jeronimo
Em nossa peregrinação pelo Jubileu de 2025, além da busca por vivências espirituais e aprofundamento na fé, tínhamos uma missão especial: obter relíquias para nossa paróquia! Antes mesmo de chegar a Lisboa, já estávamos em diálogo com representantes que guardam esses itens preciosos com a devida da Santa Sé. Dentre os locais possíveis eram a Igreja do Patriarcado de Santo Antônio e o Mosteiro de São Jerônimo, ambos conhecidos não apenas por sua relevância histórica, mas também pelo profundo significado para a devoção católica e por abrigarem as relíquias desses santos.
Na Igreja do Patriarcado de Santo Antônio, tivemos a oportunidade única de estar diante de duas das mais importantes relíquias do santo: um de seus dedos, considerada uma relíquia de primeiro grau, e sua manjedoura, classificada como de segundo grau. A atmosfera era de profunda reverência e emoção. Para nossa surpresa e alegria, após conversas – que também relembraram momentos marcantes da JMJ de 2023 –, fomos convidados a receber uma bênção especial com a relíquia de primeiro grau. Sentimos a presença de Deus nos guiando e, ao agradecer por essa dádiva, descobrimos que aquele lugar já havia sido visitado por grandes santos: São João Paulo II, que costumava rezar diante do berço de Santo Antônio, e Carlo Acutis, o jovem beato que também ali esteve em sua jornada de fé.
No Mosteiro de São Jerônimo, a experiência foi igualmente marcante. Porém indagou-nos o fato de porque o jovem santo passou nesses lugares. Pesquisando as obras de Carlo Acutis, percebemos que sua visita ao local foi motivada pelas “comunhões prodigiosas” atribuídas a Santo Antônio e São Jerônimo, ambos reverenciados nesses locais com documentação, imagens e relíquias. Essa conexão entre os santos, as relíquias e os peregrinos da Fé Católica revelam como a Divina Tradição se perpetua e se renova, inspirando novas gerações a buscar, preservar e valorizar os sinais concretos da santidade. Registramos cada etapa desse caminho em nosso diário, conscientes de que cada relíquia obtida, cada bênção recebida e cada encontro vivenciado são testemunhos vivos da presença de Deus que nos acompanha e nos confia a missão de levar esperança e fé à nossa paróquia.
Nas fotos: Relíquias de Santo Antônio, foto de São João Paulo II e Carina refazendo os passos de Carlos Acutis.






Diários de peregrinação Jubileu 2025
Assis – A Paz da Santidade.
A chegada a Assis, ao final de uma estrada sinuosa que corta os campos da Úmbria, é marcada por uma atmosfera única, um encanto silencioso e de profunda reverência. O vilarejo medieval se ergue sobre as colinas como um relicário vivo da história da humanidade e da Igreja Católica, com sua arquitetura pétrea e becos estreitos, pontuados por fachadas de pedra rosada e arcadas que resistem ao tempo.
À medida que avançamos pelas ruas, é impossível não sentir a presença dos santos e personalidades que moldaram o espírito da nossa Fé: São Francisco, Santa Clara e tantos peregrinos anônimos cujos passos ecoam na memória das pedras. O aroma úmido da chuva, misturado ao frescor das oliveiras, desenha sobre o cenário uma aura de introspecção, enquanto os sinos das igrejas ritmam o compasso da oração. O olhar repousa nos vitrais coloridos e nas torres que apontam para o céu, testemunhando séculos de fé, caridade e arte sacra, preservadas entre muralhas e praças que convidam à contemplação.
Na busca por abrigo da chuva, encontramos refúgio na Igreja de São Januário, um templo de singela beleza, onde o silêncio é entrecortado pelo som das velas cripitando. Ali, numa capela lateral, fomos surpreendidos pela presença solene da relíquia do coração de São Carlo Acutis, preservado desde sua morte e levado, com zelo, ao Vaticano durante o processo de canonização. Nos reunimos próximo à relíquia, envolvido por uma emoção difícil de descrever: a súbita consciência de estar diante de um sinal concreto da santidade contemporânea. Entregamo-nos à oração e à meditação, agradecendo por aquele momento de graça, e registramos com respeito algumas fotografias, desejosos de eternizar não apenas o instante, mas o sentimento de comunhão espiritual que nos unia. Em seguida, seguimos até outra igreja, onde o corpo preservado de Carlo Acutis repousa em urna de vidro, reluzente e sereno. O encontro com o jovem santo, diante de sua imagem serena e de vestes simples, trouxe lágrimas e um senso de esperança renovada em nossos corações, como se cada peregrino se tornasse também guardião da missão que ele abraçou: aproximar a juventude da Eucaristia com alegria e autenticidade.
A jornada prosseguiu com a visita à Igreja de Santa Clara e, posteriormente, à bela Basílica de São Francisco, onde a árvore sob a qual repousam os restos mortais do santo tornou-se símbolo de vida e ressurreição. O ambiente estava impregnado de preparação para a festividade dos 800 anos do Cântico das Criaturas e da morte de São Francisco, com fiéis e religiosos envolvidos em ensaios e celebrações que exalavam entusiasmo e devoção. O clima festivo tomava conta da cidade, e a celebração franciscana da virtude social e caritativa evidenciava-se nos gestos de acolhimento e solidariedade entre os peregrinos. A impressionante conservação da arte sacra nas igrejas e capelas, desde os afrescos de Giotto até as esculturas delicadas de altares e relíquias, revelava não apenas o cuidado estético, mas sobretudo a força da fé dos fiéis, que, geração após geração, mantêm viva a chama da esperança. Sair de Assis, no final da manhã, foi como deixar para trás uma parte do coração, cientes de que a santidade se perpetua nos detalhes, nas memórias e no compromisso de testemunhar o amor de Deus na história humana.
Nas fotos: A relíquia de Carlo Acutis, a Festividade do Canto das Criaturas, foto das Igrejas e das paisagens.












Diários de peregrinação Jubileu 2025
Vaticano – O Jubileu dos Catequistas e presença papal.
Chegamos a Roma sob o frio do outono, os passos acelerados de peregrinos ecoando pelos corredores da estação Termini e a atmosfera vibrante do Jubileu dos Catequistas. Da janela do carro, a cidade eterna surgia em toda sua grandiosidade, misturando o cotidiano apressado aos ecos da fé. Logo cedo, dirigimo-nos ao centro de credenciamento, onde voluntários, entre sorrisos e palavras em múltiplos idiomas, nos acolheram e entregaram as credenciais: um crachá colorido, pulseira e o livreto oficial do evento. O sentimento de expectativa era nítido nos rostos dos catequistas vindos de todas as partes, cada um carregando histórias e sonhos que convergiam para esse momento histórico. Tentamos entrar na Basílica de São Pedro, mas já estava lotada, com filas pela Praça e peregrinos aguardando ansiosamente a oportunidade de rezar junto ao túmulo dos apóstolos. Decidimos então contemplar as fachadas, admirando os mosaicos e colunas de Bernini, enquanto nos preparávamos espiritualmente para a audiência papal na Praça São Pedro no dia seguinte.
A manhã da audiência papal foi marcada por uma movimentação intensa, com padres, bispos, cardeais e milhares de catequistas ocupando cada centímetro da Praça. O sol despontava entre as nuvens quando, subitamente, o papamóvel apareceu, conduzindo o Papa Leão XIV em meio à multidão. O Papa acenava, com um sorriso sereno e olhar acolhedor, transmitindo esperança e unidade. Ao iniciar a catequese, Leão XIV recorreu a Santo Ambrósio, dizendo: “O serviço do catequista é como o pão repartido: não se guarda para si, mas se distribui para alimentar a fé dos irmãos.” Ele continuou: “Ambrósio nos ensina que a catequese é fonte de renovação, pois quem transmite a fé é também transformado por ela. ‘Que todos, ao ouvirem a Palavra, encontrem nela abrigo e luz para o caminho’, recordou o Papa, citando o santo. O ambiente era de profundo recolhimento e emoção, muitos com lágrimas nos olhos ao ouvirem palavras que ressoavam como bálsamo para quem dedica a vida a formar discípulos. Foram momentos de oração intensa e partilha espiritual, fortalecidos pelo testemunho de uma Igreja viva, universal e próxima.
Durante a tarde, seguimos para a Igreja de São José Triunfante, onde nos reunimos com catequistas de Portugal, Angola e Moçambique para ouvir a catequese em língua portuguesa. Dom Leomar, bispo referencial da catequese no Brasil, conduziu o encontro com palavras que tocaram a todos: “A catequese é o coração da Igreja, pois sem ela não há transmissão viva da fé.” Ele nos recordou que “evangelizar é acolher, dialogar e caminhar juntos, como irmãos e irmãs enviados pelo Senhor”. Saímos fortalecidos, sentindo-nos parte de uma só família em missão.
No dia seguinte, antes do nascer do sol, já estávamos novamente reunidos na Praça São Pedro para a missa papal. A multidão, estimada em mais de cinquenta mil pessoas, vibrava com cantos e preces em diversos idiomas. A homilia do Papa tocou profundamente todos os presentes: “A esperança é o que nos mantém firmes diante das dificuldades. O catequista é semeador de esperança, pois cada ensinamento, cada gesto de acolhimento, é uma semente lançada nos corações. Não temais, pois Deus caminha convosco em cada desafio e em cada alegria.” Leão XIV enfatizou: “Ser catequista é ser sinal do amor de Cristo, uma vocação que se desdobra no serviço humilde e fiel ao povo de Deus.” Nessa celebração, o Papa conferiu o ministério de catequista a 39 representantes de diferentes países – um gesto simbólico da universalidade e da vitalidade da missão. O número de participantes impressionava, e a emoção era compartilhada entre os novos catequistas e toda a assembleia, que se sentia fortalecida para seguir anunciando Cristo com esperança renovada. As fontes da Santa Sé e as agências de notícias católicas confirmaram cada etapa desse evento inesquecível, que ficará eternamente gravado em nossos diários de peregrinação.
Nas fotos, imagens do Papa, da Igreja de São José triunfante com dom Leomar e da missa Papal


















Diários de peregrinação Jubileu 2025
Roma – As Igrejas jubilares
Diário de Peregrinação Jubilar – Basílicas Papais de Roma
Roma, já vibrava com o entusiasmo dos peregrinos vindos de todos os continentes para o Jubileu de 2025. Com o coração tomado por um misto de expectativa e reverência, iniciamos nosso itinerário pelas quatro basílicas maiores, tradição que atravessa séculos e confere indulgência plenária aos fiéis. Passamos pela a grandiosa Basílica de São Pedro, cuja cúpula desponta majestosamente acima do Vaticano. Cruzar a Praça de São Pedro, entre colunas de Bernini e a multidão de vozes em oração, foi um mergulho no tempo e na fé. Logo após passar pela Porta Santa, símbolo máximo da misericórdia jubilar, fomos envolvidos pelo grandeza dos altares, mosaicos reluzentes e, especialmente, pelas recentes obras expostas: pinturas encomendadas para o Jubileu, retratando a esperança em tons vibrantes como os gestos de caridade Católica. Sob a abóbada central repousam os túmulos de inúmeros pontífices, incluindo São João Paulo II, rodeados de fiéis em oração silenciosa. O túmulo de São Pedro, apóstolo e primeiro Papa, permanece o centro espiritual do templo, irradiando uma aura de santidade e unidade. Uma curiosidade que me emocionou foi a recente restauração da estátua de São Pedro, cujo pé, desgastado por séculos de toques devotos, continua a ser acariciado por mãos de todas as idades, símbolo do fluxo ininterrupto da fé universal.
Deixando o Vaticano, segui rumo à Basílica de São João de Latrão, a “mãe e cabeça de todas as igrejas de Roma e do mundo”, como diz a inscrição em sua fachada. A travessia pela Porta Santa, aberta solenemente para o Jubileu, foi marcada por um fervor profundo e orações de gratidão. Logo ao entrar, os olhos são imediatamente atraídos pela nave monumental, sustentada por colunas imponentes e paredes ornadas com afrescos que narram a história da Igreja. O teto dourado, reluzente sob a luz do fim da tarde, revela detalhes da restauração feita sob o papado de Inocêncio X, enquanto os mosaicos ilustram a Cruz gloriosa entre os símbolos dos evangelistas. Nas laterais, as estátuas dos apóstolos parecem vigiar os passos dos peregrinos, convidando à contemplação. É cativante e se detemos perante a capela do Santíssimo Sacramento, conhecida como “Capela do Coro”, famosa por sua acústica e decoração em mármore policromado.
Uma curiosidade é que próximo a essa Basílica está a escada chamada “Scala Sancta”, trazida, segundo a tradição, do pretório de Pilatos em Jerusalém; muitos como nós sobem de joelhos, em sinal de penitência. Ali, entre colunas, mosaicos e luz dourada, não se sente o peso da história eclesial mas sentimos a viva hama da Devoção e da Tradição que emergem da oração dos fiés e constroem com a doçura da história eclesial, renovando minha fé na Igreja uma e universal.
Na terceira visita fomos a porta santa da Basílica de Santa Maria Maior, onde a arte mariana criava uma atmosfera particularmente acolhedora. Logo à entrada, passamos pelo túmulo do Papa Francisco, recentemente sepultado ali por desejo próprio, tornando-se o primeiro papa jesuíta a repousar sob o teto daquela basílica. O local tornou-se ponto de intensa devoção e reflexão sobre a simplicidade e o legado pastoral do pontífice.
Caminhando sob o teto dourado, cheguamos à venerada imagem de Maria “Salus Populi Romani”. No altar, a peça mais impressionante: o quadro atribuído a São Lucas Evangelista, objeto de séculos de veneração e protagonista de procissões em momentos de crise. Uma curiosidade: conta-se que, durante a invasão napoleônica, fiéis esconderam a imagem para preservá-la da pilhagem. Os mosaicos bizantinos e o relicário com fragmentos do presépio de Belém intensificaram nossa experiência de comunhão com a História da Salvação. A Basílica de Santa Maria Maior não é apenas o coração mariano de Roma, mas um espaço onde a Divina Tradição e a Esperança se entrelaçam a cada passo.
Por fim, a emoção finalizou-se na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, cuja majestade se anuncia muito antes de se alcançar sua fachada. Passar pela Porta Jubilar, aberta apenas nos anos santos, foi como atravessar um limiar entre o mundo ordinário e o mistério da fé. Logo ao entrar, o olhar foi atraído pelos imensos mosaicos dourados que recobrem o arco triunfal e o ábside (nicho arredondado): ali, cada papa sucessor de Pedro está representado em medalhões, formando uma impressionante “galeria apostólica” que se atualiza a cada pontificado.
O altar principal guarda as relíquias de São Paulo Apóstolo, cujas correntes são expostas à veneração dos fiéis – objeto de inúmeras graças e relatos de milagres ao longo dos séculos. Outra curiosidade marcante é que essa Basílica, reconstruída após um incêndio devastador em 1823, preserva fragmentos da construção original do século IV, visíveis sob o piso de vidro na nave lateral. Entre orações e cantos ecoando sob as abóbadas, senti-me parte de uma cadeia viva de fé, esperança e testemunho, onde cada pedra e cada mosaico contam a história da Igreja e de seus mártires.
Encerrar a peregrinação jubilar pelas quatro grandes basílicas papais é redescobrir as raízes da nossa tradição e, também a universalidade e a perenidade do mistério cristão. O contato com as portas santas, os túmulos dos pontífices, as imagens e relíquias, e as curiosidades que permeiam cada templo renovam o sentido da missão e da esperança. Roma, com sua memória viva e seu testemunho silencioso, segue sendo o coração pulsante da fé que atravessa gerações e convida cada peregrino a tornar-se, ele próprio, uma página viva no grande diário da Igreja.
Nas fotos, Imagens de cada uma das Basílicas aqui retratado.


























Roma – As inúmeras igrejas de Roma
Nos últimos dias da nossa peregrinação jubilar por Roma, após a intensidade das quatro grandes basílicas papais, deixamo-nos guiar por uma curiosidade silenciosa e uma sede de contemplação menos apressada, encontramos algumas igrejas discretas que, embora fora dos circuitos de maior peregrinação, guardam segredos e relíquias de valor inestimável para a Fé e para a história da Igreja Católica. Assim, percorremos ruas menos movimentadas, atentos às fachadas modestas que, por vezes, escondem verdadeiros tesouros espirituais e artísticos. Era como se, ao nos afastarmos do fervo turístico, nos aproximássemos ainda mais do coração profundo de Roma, onde a santidade se manifesta na simplicidade e no recolhimento.
Uma das primeiras surpresas dessa etapa foi a Igreja de São Silvestre percapita, dedicada a um dos primeiros papas da história da Igreja. Ao atravessar sua porta, fomos envolvidos por um ambiente de quietude antiga, onde cada pedra parece testemunhar séculos de oração. No altar-mor, repousa um dos maiores tesouros ali preservados: a cabeça de São João Batista, exposta em um relicário de prata ricamente trabalhado. Diante dessa relíquia, impossível não recordar os relatos evangélicos sobre a firmeza e o martírio do Precursor, sentindo a proximidade com os primórdios da fé cristã. Seguimos então para a igreja cardinalícia de Santo Afonso de Ligório, um santuário de beleza serena. Ali, as relíquias do santo fundador dos Redentoristas recebem a visita de devotos do mundo inteiro, e um impressionante mosaico policromado sobre o altar representa a sua entrega total a Cristo e à missão evangelizadora. A experiência de contemplar o brilho das tesselas e a serenidade das relíquias nos conduziu a um momento de oração silenciosa e gratidão pela vida de um santo tão próximo do povo.
No roteiro, não poderia faltar a visita à Igreja do Gesù, templo-mor da Companhia de Jesus e referência do barroco romano. A surpresa maior reservava-se para a Basílica de São Carlos Borromeu e Santo Ambrósio, uma verdadeira arca de relíquias e memórias. Logo ao entrar, somos recebidos pela solenidade do espaço, onde o coração de São Carlos Borromeu é conservado em um relicário dourado, expondo ao olhar dos fiéis não apenas um órgão físico, mas o símbolo do zelo pastoral e da caridade que marcaram a história do santo. Ao lado, as relíquias de Santo Ambrósio evocam a força da palavra e da doutrina que moldaram a Igreja de Milão.
Na nave lateral, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, vinda do Brasil, chama a atenção pela delicadeza e pela fé que desperta entre os peregrinos brasileiros, tornando-se ponto de encontro e de súplicas silenciosas. E, coroando essa rica arte de de fé e história, encontramos uma exposição original montada por São Carlo Acutis, retratando os milagres extraordinários da Eucaristia. A presença de Carlo ali, ao lado dos seus santos conterrâneos milaneses, ressoa como um sinal dos novos tempos, em que a santidade se faz jovem, conectada e aberta ao mundo. Deixamos a Basílica com o coração renovado, certos de que, nas igrejas discretas de Roma, se escondem as pedras vivas que sustentam a tradição e a esperança da Igreja. Assim, a peregrinação se encerra não apenas com memórias, mas com um convite à continuidade: descobrir, nas trilhas menos percorridas, o brilho silencioso da fé que atravessa os séculos.












