Comentário ao Evangelho – Quinta-feira da 13ª Semana TC – 06.07.2023

Quinta-feira da 13ª Semana TC

Gn 22,1-19

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Deus pôs Abrão à prova. “A prova de fé de Abraão não é simplesmente o sacrifício de um filho, mas deste filho. Isaac é o dom particular de Deus, é a prova do seu amor onipotente; é a promessa cumprida, é a palavra feita carne e osso. O velho patriarca tem de sacrificar esse filho que ama e essa promessa cumprida que reconhece. E tem de continuar crendo e esperando. Tem de sacrificar uma experiência de Deus, para se abrir a outra nova através do mistério. Erguendo a faca sobre o seu filho, Abraão, que tinha cortado as relações com o passado saindo da sua pátria, vai agora cortar as pontes com o futuro contido em Isaac” (L. A. Schoekel).

É para enlouquecer! Como é possível que Deus negue as promessas de Deus? Que o mesmo Deus que lhe fez deixar tudo para dar-lhe o tudo de seu desejo, venha agora e lhe peça que sacrifique tudo; ou melhor, que sacrifique a única coisa que verdadeiramente conta na vida? Esta é a prova de Abraão! É a prova de um Deus que parece negar a si mesmo, que tira aquilo que havia dado: como é possível? Abraão não tem palavras!

Abraão aposta na impossível possibilidade de Deus, isto é, no fato de que o mesmo Deus que deu e que tirou é o Deus no qual é preciso confiar. Deus sempre tem uma possibilidade impossível! Abraão confia em Deus também no tempo do silêncio de Deus. Esta é a grandeza de Abraão: confiar em Deus não só quando tudo vai bem, quando Ele faz a nossa vontade, mas também quando Ele nos tira tudo, quando chega a pedir que o Isaac do nosso coração seja sacrificado.

É um amor absoluto aquele exigido pelo Eterno. “Deus é alguém que exige amor absoluto”. Nós não amamos a Deus quando amamos as consolações de Deus, mas quando amamos todas as coisas que Deus quer para nós.

É preciso, pois, compreender que não se sacrifica aquilo que não se ama. Sacrificar aquilo que não se ama é fácil: livrar-se de alguma riqueza, de algum bem terreno, de algo que não acrescenta e não tira nada ao nosso coração não é sacrifício! Oferecer a Deus o amor de nossa vida, isso é difícil!

Abraão ama Isaac com toda a alma e quando Deus o pede, o amou ainda mais, se tal fosse possível, e só assim pôde fazer aquele sacrifício”. Abraão pode sacrificar Isaac somente porque ama Isaac infinitamente. A Deus não se oferece o refugo do coração; a Deus se oferece o amor maior. Somente se amamos infinitamente podemos oferecer a Deus o amor maior. Entra-se na vida de fé quando se oferece a Deus o amado do próprio coração.

Cada um de nós tem um Isaac em seu coração. Fé é compreender qual é esse Isaac e pô-lo sobre o altar do sacrifício a Deus. Oferecer o Isaac do próprio coração a Deus é certo, porque só Deus é digno dessa oferta e só Deus pode ser amado assim: isto é a fé. Fé significa morrer para nascer.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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