Comentário ao Evangelho – Quarta-feira da 3ª Semana do TC – 29/01/2025

Quarta-feira da 3ª Semana do TC

Hb 10,1-18

Há uma frase muito densa de significado e, por isso, difícil de ser bem entendida e muito mais de ser explicada. “Por esta única oblação, levou à perfeição definitiva os que são por ele santificados” (14). Prestemos atenção ao verbo deste versículo “levou à perfeição definitiva”. Essa expressão foi usada nos versículos anteriores aplicada a Cristo: Cristo. o nosso Sumo Sacerdote, foi levado à perfeição definitiva. Esse verbo “ser levado à perfeição definitiva” é aplicado agora em referência aos cristãos.

Leiamos juntos 2,10: “Deus quis conduzir muitos filhos à glória. Por isso, por meio de sofrimentos, Deus levou à perfeição aquele que iniciou a salvação deles”.

Em 5,9, Paulo, depois de descrever os sofrimentos de Cristo, conclui: “Assim, tornado perfeito, Cristo se tornou causa da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. De fato, ele foi por Deus proclamado sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedec”.

O mistério de Cristo é o mistério de um homem que foi levado à perfeição por meio dos sofrimentos. Parece estranho que alguém se aperfeiçoe pelos sofrimentos. Nós nos aperfeiçoamos por meio do estudo, do treino, da exercitação, do trabalho, etc. Mas o sofrimento não parece ser um meio adequado para chegar à perfeição. O sofrimento desumaniza, destrói a pessoa e os seus familiares, rouba a alegria e a felicidade.

Precisamos, porém, entender que “levar à perfeição” na Bíblia tem um sentido sacerdotal. No AT “tornar perfeito” é usado para significar a consagração sacerdotal. O sacerdote do AT é “levado à perfeição”, ou seja, é consagrado a fim de que possa oferecer sacrifícios a Deus.

O que Paulo deseja dizer é isso: Cristo ofereceu o sacrifício de si mesmo, ou seja, sofreu. Por esse sacrifício da cruz, Cristo foi levado à perfeição definitiva: Ele se tornou o sumo sacerdote absolutamente perfeito.

Essa consagração sacerdotal de Cristo pelo sacrifício da cruz vale não somente para ele próprio, mas vale também para nós. Cristo recebe a consagração sacerdotal e, ao mesmo tempo, nos comunica tal consagração. É o que ouvimos no v. 14: “Por esta única oblação, levou à perfeição definitiva os que são por ele santificados”.

Em outras palavras, Cristo com o sacrifício de si mesmo na cruz nos tornou capazes de nos apresentar a Deus em uma ação sacerdotal de oferta. Podemos nos aproximar de Deus com plena confiança, podemos entrar no santuário graças ao sacrifício da cruz.

É isso o que acontece em cada missa: somos consagrados, levado à perfeição definitiva para entrar no santuário, para nos aproximar do trono da graça de Deus.

Somos realmente consagrados a Deus e, por isso, podemos oferecer o sacrifício. Essa consagração, porém, é somente o início e exige que nós progridamos nessa perfeição. “Por esta única oblação, levou à perfeição definitiva os que são por ele santificados”.

Recebemos a santificação todos os dias e a cada missa celebrada. Essa santidade deve crescer em nós, na nossa vida e no nosso cotidiano. Somos o povo sacerdotal, ou seja, não há barreiras ou impedimentos entre nós e o Pai celeste. Essa nossa condição sacerdotal em vez de nos levar ao orgulho, nos faz ainda mais humildes, sabendo que a nossa consagração sacerdotal é dom e deve ser sempre recebida como tal.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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