Comentário ao Evangelho – Domingo da Assunção de Nossa Senhora – 18/08/2024

Domingo da Assunção de Nossa Senhora

Hoje nós nos unimos para cantar com Maria: “todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor”.

De fato, Deus exalta os humildes. O que nos ensina a exaltação da serva Maria?

  1. A assunção é um privilégio. Um privilégio que nos ensina e nos revela o desígnio de Deus em relação a todos nós.

O privilégio da assunção consiste na união admirável de Maria com Cristo, uma união de corpo e de alma que começou na Anunciação, mas que cresceu sempre mais ao longo dos anos e da vida de Maria e que alcança a plenitude na assunção.

  1. Toda a vida de Maria foi um caminhar na fé. O evangelho que acabamos de ouvir nos mostra como essa união com Cristo (sua concepção virginal) se desdobra no anúncio e no serviço. “Ela foi apressadamente…”.

Uma vez que toda a vida de Maria é participação singular na vida e missão de Jesus Cristo, também a sua morte e ressurreição só podem ser entendidas à luz dessa união. Ela que viveu tão unida a Cristo, participa agora plenamente da sua ressurreição. Assim a assunção, em corpo e alma, é participação na glorificação de Jesus.

  1. É esse o mistério que a liturgia de hoje proclama: “Aurora e esplendor da Igreja, ela é consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho, pois preservastes da corrupção da morte aquela que gerou vosso Filho feito homem”.

Notem que a liturgia fala da Assunção como nosso consolo e esperança. A assunção de Maria revela qual é a vontade de Deus, qual é o seu desígnio, qual é o seu desejo em relação a nós: a nossa glorificação em corpo e alma, de todo nosso ser, não somente de uma parte de nós.

A ressurreição não é absorção, não é destruição. Deus ama tudo em nós, por isso tudo glorifica e ressuscita.

O que exaltamos em Maria é, ao mesmo tempo, a expressão de nossa esperança no desígnio de Deus.

A Assunção é confirmação e realização antecipada do nosso destino de salvação.

Deus revela não só com palavras, mas também com fatos a sua vontade.

  1. A Assunção confirma a unidade do ser humano (corpo e alma) e nos confirma que devemos glorificar e servir a Deus com todos o nosso ser (corpo e alma).

Servi-lo só com o corpo é escravidão. Servi-lo só com a alma é dedicar-lhe um amor distante e irreal.

Viver neste mundo servindo e amando Deus, viver unido com Jesus Cristo, viver como Maria viveu nos levará a sermos glorificados em corpo e alma como aconteceu com Cristo e como aconteceu com Maria.

  1. A Assunção de Maria é um sinal do amor de Deus por nós. Não é um amor vago, distante, genérico. É um amor concreto, próximo. Podemos dizer até um amor “carnal”. Vou dizer mais exatamente: um a amor encarnado.

Em nosso país e cultura, nós sentimos necessidades de expressões de amor e sinais do carinho que os outros têm para conosco e que temos pelos outros: uma saudação, um beijo, uma carta, um gesto, um sorriso… às vezes valem mais que mil palavras.

A Assunção de Maria é o sinal do amor que Deus tem por nós. Deus, de fato, nos deixou muitos sinais “carnais” do seu amor infinito: os sete sacramentos são sinais do amor de Deus ao homem. Nos sacramentos temos os sinais sacramentais

Igualmente, a sua Palavra de Deus é sinal do amor de Deus. Podemos dizer que é o sinal Verbal, lógico (logos) do amor do Pai.

Mas acima de tudo o próprio Cristo é o grande sacramento do Pai. Os teólogos chamam Cristo de sacramento originário, sacramento fonte.

Em união com Cristo e em dependência dele, podemos dizer com ousadia e com admiração que Maria é o sinal maternal do amor que Deus.

Dessa maneira, o privilégio da Assunção não é mais privilégio somente de Maria. Ela recebeu o privilégio da Assunção para nós. A assunção não afasta Maria de nós, nem a deifica nem dificulta nosso relacionamento com Ela.

Ao contrário, Maria é um sinal muito concreto da esperança cristã para nós, alguém muito perto de nós. Ela é, ao lado de Jesus, a prova de que Deus nos ama.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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