Comentário ao Evangelho – 5º. Domingo do TC: Ano C – 09/02/2025

5º. Domingo do TC: Ano C

Lc 5,1-11

Deus não quer agir sozinho. Ele quer e procura colaboradores ativos e conscientes.

Ao chegar à margem do lago de Genesaré, Jesus viveu uma experiência muito diferente da que tinha vivido na Sinagoga de Nazaré. As pessoas não o rejeitam, mas “se comprimia ao redor dele”; as pessoas não exigem milagres inúteis, mas estão sedentas de “ouvir a Palavra de Deus”; as pessoas não querem precipitá-lo do alto do precipício, mas reconhecem que a palavra de Jesus é Palavra de Deus.

A cena é cativante: Jesus não está dentro de uma Sinagoga, mas em ambiente aberto, à beira do lago e, depois, sobre a barca de Pedro. Jesus está na barca um pouco para dentro da água do lago, as multidões permanecem na margem e ouvem o ensinamento de Jesus. As águas estão calmas; Jesus está sentado numa barca; essa é a sua humilde “cátedra”.

As multidões se comprimem porque querem ouvir a “Palavra de Deus”. Reconhecem que Jesus não repete teorias, mas as põe em contato com Deus. Intuem, ainda que não com clareza, que estão diante de alguém que mais do que um mero porta-voz de Deus; percebem que Jesus é mais do que um profeta. Pelo seu modo de falar, pelo que ele fala, Jesus é a própria Palavra de Deus. Em Jesus, as pessoas percebem que Deus vem ao encontro e lhes fala como a amigos. Ouvindo Jesus, as multidões ouvem Deus.

As pessoas não querem ouvir uma palavra qualquer; desejam a Palavra, que nasce de Deus, que é o próprio Deus. Desejam a Palavra que cura, perdoa, converte e salva. Tudo isso as multidões encontram em Jesus.

Observemos uma diferença fundamental entre a vocação de Pedro e de Isaías. O chamado não se dá no mistério de uma teofania. O chamado se dá através do rosto humano e de uma voz humana que Deus assumiu na encarnação. A vocação acontece quase de “homem para homem”. A reação de Pedro, porém, é idêntica a de Isaías: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”! Em Jesus, Pedro faz a experiência da manifestação da santidade e da majestade de Deus. Ele se reconhece pecador, mas a Palavra que é Jesus o purifica: “Não temas! Doravante serás pescador de homens!

Sempre pensamos que a pesca abundante tenha sido o milagre. No entanto, é preciso reconhecer que o milagre maior e verdadeiro é esse: a vocação dos discípulos. Eles foram pescados pelo Divino pescador, e foram transformados em pescadores de homens. foram pescados de maneira delicada e irresistível e foram profundamente transformados. De agora em diante eles o seguirão para ser pescadores de homens, isto é, irão partilhar sua missão e serão colaboradores de Jesus na pesca de homens.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

Veja mais em: Biografia / Agenda do Arcebispo / Palavra do Pastor / Youtube / Redes Sociais

Compartilhe: