Comentário ao Evangelho – 21º Domingo do Tempo Comum – 25/08/2024

21º Domingo do Tempo Comum

Jo 6,60-69

Há uma lei que governa a nossa relação com Deus: o amor de Deus é gratuito e se antecipa às nossas escolhas ou aos nossos méritos (“fui eu que vos escolhi”). Mas, mesmo sendo eleitos sem nosso merecimento, não podemos ficar inertes e passivos frente à escolha de Deus. A escolha de Deus espera e reclama a nossa acolhida. A lei da vida cristã consiste nisso: dom e responsabilidade.

O Evangelho mostra como, para os apóstolos, chegou o momento de dar a resposta ao chamado de Jesus: “vós também quereis ir embora?” Os discípulos não eram obrigados a permanecer com Jesus e, de fato, muitos abandonaram Jesus. Ficaram os Doze que formarão a Igreja, mas eles não podem mais permanecer como antes, sem compromisso. De agora em diante eles devem ter consciência de que escolheram Jesus para a vida ou para a morte: “Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos firmemente que tu és o Santo de Deus”.

A partir dessa escolha, os discípulos sabem que o coração não é mais livre para todos os afetos. Há afetos que não vêm de Deus, mas do maligno, pois são afetos que desviam de Deus, são amores desordenados que dividem o coração. Uma vez que escolhemos Jesus, o nosso coração não pode mais estar dividido por afetos que não nos conduzam a Deus.

Todos os dias encontramos alguém dos que “se afastaram e não mais andam com Jesus” porque julgam sua palavra muito dura. Por exemplo: acham que a exigência da indissolubilidade matrimonial é muito dura e antiquada; acham que o carregar a cruz não deve ser levado assim tão a sério; julgam que a proibição de não poder servir a Deus e ao dinheiro é resquício “de uma moral católica atrasada”; consideram a exigência da fidelidade (quem olhar com cobiça para uma mulher já cometeu adultério com ela) muito exagerada.

Nossa época cobra de nós um cristianismo consciente e responsavelmente assumido. Nós vivemos em tempo diferente do de nossos pais: não é possível mais viver como cristão por uma tradição herdada. Por isso a interpelação de Jesus é feita a nós: “vós quereis também ir embora”?

Vemos mais do que nunca quão urgente é escolher, decidir-se, posicionar-se de um lado ou de outro, antes que seja tarde demais, antes que sejamos nós postos pelo Senhor à sua esquerda!

Nós já escolhemos Deus no batismo. Essa nossa escolha precisa ser sempre de novo reafirmada nos sacramentos e no testemunho da vida.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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