Jr 7,23-38
A leitura é um convite insistente e urgente para que ouçamos a voz do Senhor. “O que ordenei foi isto: Escutai a minha voz, e eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo”.
Escutar (=obedecer) é o que sela a relação mútua entre o Senhor e o povo: “eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo”. Deus não exige do povo tributos, impostos, pagamento, sacrifícios de animais, oferendas materiais. A única coisa que ele exige é a obediência: “Escutai a minha voz”. Tudo o que podemos oferecer a Deus é a nossa obediência=ouvir. Tudo o que oferecemos a Deus brota da obediência ou exprime a obediência.
O profeta Jeremias recorda que o povo recebeu de Deus leis e ensinamentos que o conduziram à posse da terra prometida. Colocando em prática esses mesmos ensinamentos, o povo não só permaneceria na posse da terra quanto teria a vida plena e feliz. Infelizmente, ao longo de sua história, o povo andou por outros caminhos, seguiu as suas más inclinações e não ouviu a voz do Senhor: “Eles não quiseram ouvir, não me deram atenção, mas seguiram os seus projetos, na teimosia de seu coração perverso”.
Por isso a vida retrocede, e o povo recai na escravidão: “Ficaram atrás, não foram para frente”.
Jeremias percebe o mal não somente como uma ação pecaminosa concreta, mas como uma situação de maldade, como um estado pecaminoso, como um caminhar fora da via. As ações pecaminosas são um testemunho dessa situação de pecado e uma sua confirmação. Essa situação de pecado é muito pior do que as ações concretas de pecado. “Eles endureceram a cerviz e agiram pior do que seus pais. A fidelidade acabou, desapareceu de sua boca”.
Nesta quaresma somos convidados não somente a deixarmos a ações pecaminosas, mas a abandonar nosso estado pecaminoso através da conversão pessoal e da vivência da fraternidade.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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