2º. Domingo TC – Ano C
Jo 2,1-11
Às vezes a vida de um casal pode entrar em uma grave crise conjugal. Nesse momento de crise, especialmente na sua fase mais aguda e dolorosa, ouvimos o casal dizer: “infelizmente, não dá para fazer mais nada”. O casamento parece ter chegado ao fracasso. A impressão é de que o sonho acabou e virou um pesadelo. Esse é o aspecto negativo da crise.
Existe, porém, outro aspecto da crise, que, muitas vezes, não vemos, mas que Deus vê. Cada crise nos ensina que ela pode ser a passagem para uma nova fase de vida. Na natureza, nas criaturas inferiores, isto acontece automaticamente. No ser humano, porém, a crise interpela a liberdade e a vontade. Nesse sentido, a crise pode também abrir o casal para uma “esperança maior”, para uma vida mais santa e madura, para um casamento mais feliz e verdadeiro.
A crise conjugal pode ser também a ocasião para encontrar verdadeiros amigos. Nos momentos obscuros, os cônjuges podem perder a esperança. Nesse momento podem surgir pessoas que se revelam como verdadeiros amigos. A companhia de verdadeiros amigos que, com o máximo respeito, mas também com o desejo sincero do bem, compartilham a esperança com quem a perdeu. Não de modo sentimental ou volúvel, mas organizado e realista. É assim que os verdadeiros amigos se tornam, no momento da ruptura, a possibilidade concreta para o casal em crise de ter uma referência positiva, na qual pode confiar na hora do desespero.
Com efeito, quando o relacionamento degenera, os cônjuges caem na solidão, tanto individual como conjugal. Perdem o horizonte da comunhão com Deus, com o próximo e com a Igreja. É nesse momento que os amigos podem servir como em guardiães de uma esperança maior para os que a perderam.
É nesta perspectiva que se pode ler a narração das bodas de Caná (cf. Jo 2,1-11). A Virgem Maria se dá conta de que os esposos “não têm mais vinho”. Ela o diz a Jesus. Essa falta de vinho faz pensar no momento em que, na vida do casal, termina o amor, se esgota a alegria e diminui bruscamente o entusiasmo do matrimônio.
Depois de Jesus ter transformado a água em vinho, felicitaram o esposo porque diziam que tinha conservado até àquele momento “o vinho melhor”. O vinho de Jesus era melhor que o precedente. Esse “vinho melhor” é símbolo da salvação, da nova aliança nupcial que Jesus veio realizar com a humanidade.
E é precisamente dessa aliança melhor que o matrimônio cristão é o sacramento. Todos os casais cristãos, mesmo os mais miseráveis e vacilantes podem encontrar na humildade a coragem de pedir ajuda ao Senhor. Quando um casal em dificuldade ou já separado, se confia a Maria e se dirige Àquele que dos dois fez “uma só carne”, pode estar certo de que essa crise se tornará, com a ajuda do Senhor, uma passagem de crescimento, e que assim o amor será purificado, amadurecido e revigorado.
Isto só pode ser realizado por Deus, que deseja contar com os seus discípulos como válidos colaboradores, para se aproximar dos casais, para os ouvir e ajudar a descobrir o tesouro escondido do matrimônio, para reacender o fogo que permaneceu sepultado debaixo das cinzas. É Ele quem reaviva e volta a fazer arder a chama; sem dúvida, não da mesma forma que o namoro, mas de maneira diferente, mais intensa e profunda.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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