Segunda-feira da 11ª Semana do Tempo Comum
Mt 5,38-42
Ouvistes o que foi dito, olho por olho dente por dente. A lei do Talião é uma evolução para a humanidade. Evolução que não é suficiente para viver com humanidade, mas uma evolução! Para que se possa viver com humanidade é preciso fazer o que Cristo nos ensina: “dar a outra face”, “deixar que levem o manto”, “caminhar dois quilómetros”. Será que isso é uma resposta adequada ao problema da violência? Se nós não reagimos, não estaremos permitindo que a violência cresça sem limites?
Jesus nos pede algo muito simples e também muito exigente. Para vencer a violência, Jesus propõe uma reação surpreendente e eficaz: não pagar o mal com o mal, mas vencer o mal com o bem! O mal só será impedido, se contra ele erguermos o muro do bem. Quando respondemos ao mal com o mal, nós só o reforçaremos.
A misericórdia não é contrária a justiça. A misericórdia é o oposto da vingança, mesmo que se trate de uma vingança controlada e equivalente ao mal recebido. A vingança não pode frear o mal. Somente o bem pode se opor ao mal e impedir a sua propagação.
Olho por olho, dente por dente: esta sentença estava na Lei (Ex 21,25). Era a lei do Talião; fora da Bíblia estava também no Código de Hamurabi. Mesmo que hoje pareça dura demais, na época foi uma conquista civil para limitar a vingança que, se deixada sem controle, tende a retribuir o mal com um mal muito maior. Considere a lei de Lamec (Gn 4,23-24). Segundo a lei do Talião, a pena deve ser igual ao delito. Jesus entende que esta lei deve ser superada. Devolver na mesma medida continua a retroalimentar a violência. O perdão e a misericórdia são o único modo de dar fim à espiral da violência-vingança-violência ainda maior.
Dar a outra face é a imagem concreta desse combate à violência com o perdão. Ao ser esbofeteado pelo soldado Jesus não “deu a outra face” em senso literal. Ofereceu sim a outra face, dizendo: “se falei a verdade porque me bates?” (Jo 18,23). Ele ofereceu a face da verdade.
É mais fácil odiar do que amar. Amar exige opção, generosidade, doação. Mas é quando amamos que nos tornamos verdadeiramente humanos e vencemos a violência.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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