9º Domingo do Tempo Comum
Mc 2,23-3,6
Para defender os seus discípulos contra as acusações dos fariseus Jesus afirma: “o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”. O Evangelho é contra toda forma de rigidez cega, contra todo tipo de fanatismo. O cristianismo é muito exigente, requer sempre sacrifícios pessoais e grandes renúncias, mas tudo isso é feito à luz da misericórdia de Deus. São Paulo afirma, com outras palavras, a mesma verdade: “se desse meu corpo às chamas, mas não tivesse a caridade, isso de nada me adiantaria”.
A partir de Jesus, o sábado chega à sua plena realização no domingo. O descanso sabático é um símbolo e uma figura do que Jesus realizou na sua morte e ressurreição. O descanso prescrito pela lei é uma profecia do descanso verdadeiro que só podemos encontrar em Deus. Na verdade, o descanso é estar em Deus. Descansando, caímos na conta de que só alcançaremos o verdadeiro descanso se ele vir até nós. Jesus é o Senhor do sábado no sentido de que é Ele quem cumpre pessoalmente a profecia e a figura do sábado.
O homem e a mulher foram criados não tanto para os dias da semana: as preocupações e as fadigas, a construção e a desconstrução dos dias feriais. O homem e a mulher foram criados para o descanso, para o repouso. Deus mesmo vem ao nosso encontro em Jesus para nos oferecer o descanso: Vinde a mim… e encontrareis descanso.
O episódio da cura da mão seca durante o culto sinagogal no dia de sábado mostra o ponto alto da tensão que há entre Jesus e os seus inimigos. Essa tensão chega até mesmo à ruptura provocada pela pergunta de Jesus: “é permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixa-la morrer?”
Os rivais observam e espiam Jesus. Eles não estão interessados em resolver uma questão religiosa. A intenção deles é a de desacreditar Jesus, a de ter um pretexto para acusá-lo.
Jesus percebe a má intenção dos seus inimigos e, mesmo assim, tenta uma vez mais fazer com que eles reflitam e façam uma opção ética. A decisão que Jesus põe diante dos adversários consiste em fazer o bem ou o mal; inclusive o mal por omissão do bem. Essa pergunta de Jesus atinge em cheio os seus rivais pois eles, com seu legalismo, acabam proibindo o bem da cura e se permitindo o mal da intenção perversa de espiar Jesus. Os inimigos de Jesus escolheram sacrificar a saúde de um infeliz com a má intenção de acusar Jesus de uma desobediência à lei divina.
Jesus, por sua vez, faz uma outra escolha. A sua decisão ética é a de ajudar o doente e de, com isso, considerar as instituições religiosas e humanas relativas ao bem da pessoa. Os rivais de Jesus pensam que se deva sacrificar a pessoa à instituição. Jesus não aceita isso e coloca a instituição a serviço da pessoa humana.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
Veja mais em: Biografia / Agenda do Arcebispo / Palavra do Pastor / Youtube / Redes Sociais




