Segunda-feira 25a. semana TC
Esd 1,1-6
Iniciamos a leitura do livro de Esdras. Esse livro narra o retorno dos judeus a Jerusalém e a reconstrução do Templo.
O livro começa assinalando a enorme mudança do cenário internacional com a subida ao poder do rei Ciro. Essa mudança surpreendente da geopolítica não é fruto somente de conquistas de poder. O livro de Esdras mostra que, na realidade, “o Senhor moveu o espírito de Ciro, rei da Pérsia, que mandou publicar” o decreto que determinava o retorno dos judeus à sua terra. Deus é o personagem principal da história e o coração do homem é o seu instrumento. Esdras sublinha esse fato de que Deus seja o motor da história. Ele insiste nisso ao narrar que nem todos os judeus retornaram para Jerusalém. Voltaram somente “aqueles que se sentiram inspirados por Deus para ir edificar o templo do Senhor que está em Jerusalém”.
O livro de Esdras narra a decisão de Ciro dando a impressão de que até o próprio rei tivesse consciência de que era inspirado por Deus e não tanto movido por motivos políticos: “O Senhor, Deus dos Céu, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe construir um templo em Jerusalém, na terra de Judá”.
Além de nos ensinar que é Deus quem conduz a história da humanidade, movendo os corações, o livro de Esdras deve ser lido como uma profecia de Jesus Cristo. No relato da reconstrução do templo devemos ler a profecia da morte e da ressurreição de Cristo. O templo tinha sido destruído e ele é reconstruído. Nos próximos dias, ouvindo o relato do livro de Esdras, não nos esqueçamos que o mistério central se refere ao mistério da morte e ressurreição de Jesus. A ressurreição é a verdadeira reconstrução do templo: Jesus mesmo afirma: destruí este templo e eu o reconstruirei em três dias.
Por fim, há ainda uma outra coisa maravilhosa que podemos conhecer a partir da leitura de hoje. No edito, Ciro não só permite o retorno dos judeus para reconstruir o templo, mas também ordena que todos os pagãos contribuam com donativos para a reconstrução: “E a todos os sobreviventes, onde quer que residam, as pessoas do lugar proporcionem prata, ouro, bens e animais, além de donativos espontâneos para o templo de Deus, que está em Jerusalém”.
Nós podemos nos ver nos pagãos que contribuíram espontaneamente para a reconstrução do templo de Jerusalém. A oferta dos pagãos é, na verdade, a oferta de nós mesmos, como pedras vidas para a construção do novo templo que é a Igreja. Nós, que não éramos povo de Deus, fomos aceitos para formar o templo de Deus, juntamente com os Apóstolos e os profetas (cf. 1Pd 2,5.10).
Reconheçamos no livro de Esdras a nossa história presente, reconheçamos o privilégio que recebemos de participar da construção do templo de Deus não só com ofertas materiais, mas com a oferta de nós mesmos, unida à oferta do Senhor Jesus.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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