Visita ad Limina Apostolorum

Há alguns dias participei, pela primeira vez, da Visita ad Limina Apostolorum. Como peregrino, visitei o túmulo dos Santos Apóstolos, Pedro e Paulo. Caminhando pelos caminhos estreitos de Roma e passando pelas suas construções milenares, entrei em contato direto com tantos santos famosos e anônimos que lá viveram e testemunharam a fé até o sangue. A Visita ad Limina possibilita o convívio pessoal e íntimo com os santos da Igreja Católica: com São Vicente Pallotti, sacerdote de Roma, fundador da Sociedade do Apostolado Católico, com a humilde mãe de família sarda, Elisabetta Sanna, com os grandes papas e tantas outras testemunhas da fé que são o fruto da santidade que Deus dissemina generosamente em toda a Igreja e em todos os tempos.

Falta falar dos pecadores! Sim, é verdade, a história da Igreja também conta com muitos pecadores! E que pecadores! Para lembrar deles não faltam os críticos de boa vontade e os inevitáveis detratores. De qualquer forma, lembrar os santos é também falar dos pecadores. Afinal eles são pecadores perdoados e santificados por Deus. Simão negou Jesus três vezes, e foi transformado em Cefas-Pedro. Saulo perseguiu os cristãos até cair do cavalo. Literalmente. E se levantar como Paulo.

Tive a oportunidade de trazer para Roma todos os nossos santos do cotidiano: gente simples de nossa Igreja Particular de Sorocaba, anônima para o mundo, muito querida por Deus que tudo vê e conhece. São fiéis que fazem parte de uma classe média dos santos, com problemas e alegrias comuns, possuidoras de uma heroicidade feita de pequenas coisas e atividades repetitivas. Todas essas pessoas carreguei no coração e, no encontro com o sucessor de Pedro, delas lhe falei. Levei em mãos um relatório detalhado e bastante longo de todos os aspectos do trabalho evangelizador da Igreja Particular de Sorocaba, mas não ignorei o fato de que nos números e estatísticas estão presentes fiéis que conheço pessoalmente ou que, no anonimato, não são menos importantes.

Passei por vários Dicastérios para dialogar com os colaboradores mais estreitos do Papa Francisco. Para os que não estão habituados com o jargão eclesiástico, “dicastério” é o correspondente de um ministério do governo federal. Os assuntos tratados nesses diálogos giraram em torno da promoção do desenvolvimento humano integral, da vida e da família, do exercício do ministério episcopal, da doutrina da fé, dos institutos de vida consagrada, do culto divino e da disciplina dos sacramentos, da vida e do ministério dos presbíteros e diáconos, da ação evangelizadora, da comunicação social, das relações entre Igreja e Estado.

Visitando os Dicastérios, tive a oportunidade de oferecer aos oficiais da Cúria Romana a colaboração de nossa Arquidiocese e de receber deles informações sobre as esperanças, as alegrias e as dificuldades da Igreja Católica. Trazendo informações de primeira mão sobre a Arquidiocese, forneci ao Papa dados relevantes para o exercício do ministério petrino. Em cada Dicastério, um bispo foi encarregado de propor o tema do diálogo. Fui encarregado de ser o relator na Secretaria de Estado do Vaticano.

A Visita ad Limina é um evento espiritual e, por isso, ritmado pela oração e pelas celebrações nas quatro Basílicas papais de Roma: São Pedro no Vaticano, São João do Latrão, São Paulo fora dos Muros e Santa Maria Maior. Fui designado para presidir a missa em Santa Maria Maior. Assim tivemos a possibilidade de orar por todas as pessoas que nos pediram orações, sem deixar de interceder por todos os padres, diáconos, religiosos e leigos de nossas Igrejas Particulares.

Concluímos a Visita ad Limina com a audiência com o Papa Francisco. Foram duas horas de diálogo espontâneo, cerrado e profundo. Experimentamos a colegialidade episcopal não como um simples sentimento de solidariedade, e sim como um estar sempre junto com os irmãos no episcopado. Ao nos encontrar com o sucessor de Pedro, cada um de nós foi revigorado na comunhão com o Santo Padre e na nossa corresponsabilidade como sucessores dos Apóstolos. Experimentamos com tremor e temor, com assombro e alegria a Nova Realidade que Jesus instituiu ao dizer “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”.

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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