Subiu ao Céu

O fato da ascensão é descrito de modo sintético pelo Evangelho de Marcos: “Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus” (Mc 16,19).

Depois que o céu das estrelas foi explorado pelo ser humano através de máquinas e de foguetes, se tornou difícil confessar que Jesus ressuscitou e subiu ao céu. Essa dificuldade, porém, não precisa destruir a fé na ressurreição e na ascensão ao céu de Jesus. Pelo contrário, constitui uma purificação da fé. O céu para onde subiu Jesus não pode ser entendido como espaço geográfico. Quando confessamos nosso desejo de ir ao céu, devemos evitar pensar no céu como o espaço acima de nós.

O que significa dizer que Jesus subiu ao céu? A resposta nos é dado pelo evangelho de Marcos: “Jesus foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus”. Jesus não entra em um “lugar”. Ir para o céu significa ir para junto de Deus; estar no céu não é estar em um lugar, mas o estar com Deus.

Mais do que isso. O céu em si não existe; ele se forma no momento mesmo em que a primeira criatura alcança definitivamente Deus. O céu nem sempre existiu! O céu se forma quando a humanidade de Cristo, assumida na encarnação, é glorificada. Jesus não subiu a um céu que já existia, mas subiu para formar o céu: “vou preparar-vos o lugar, Depois de ir vos preparar o lugar, voltarei e vos tomarei comigo, para que, onde eu estou, estejais também vós” (Jo 14,2-3). O céu é, portanto, o corpo de Cristo ressuscitado com o qual nós nos uniremos para formar um só Espírito com Ele.

Para o cristão, o céu é Jesus, homem e Deus! Para Jesus o céu é o Pai. A ascensão ao céu para Jesus é ir para o Pai. “Eu vou para o Pai”. “Eis que agora vou junto a ti, ó Pai”! Ir ao Pai não é um deixar esta terra, mas é ser glorificado e se sentar à direita do Pai em sua humanidade agora glorificada, uma vez que em sua divindade, o Filho é igual ao Pai.

Subir ao céu significa que Jesus também como homem e com o seu corpo é glorificado pelo Pai, com a glória que Ele, como Filho de Deus, sempre teve desde toda a eternidade. Com Jesus, um fragmento de nosso mundo, ou melhor, um de nossa humanidade chegou a Deus e foi nele glorificado e acolhido. Trata-se das primícias, do prelúdio de uma grande colheita. Em Jesus que sobe ao céu, vemos a realização do que esperamos que aconteça também conosco.

A ascensão atesta também que Jesus está conosco. Ele foi para o Pai e voltará no fim dos tempos, mas, ao mesmo tempo, Ele continua conosco. Na verdade, agora glorificado no céu, Jesus está mais presente, mais ativo e mais enviado do que nunca.

Não é a mesma presença de antes. A presença dele não é mais segundo a carne, mas segundo o Espírito. Nessa nova condição, Jesus pode se tornar presente a cada um de nós, em qualquer lugar da terra e da história. Na condição terrena, a presença de Jesus estava limitada a um tempo e a um lugar. Agora a sua presença glorificada nos torna contemporâneos e conterrâneos de Jesus.

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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