O ícone de São José mais difundido atualmente é aquele onde ele aparece carregando o menino Jesus nos braços. Estudiosos dizem que esse ícone é relativamente muito recente e sua presença seja mais frequente em cenas compostas de festas litúrgicas, onde ele é um personagem importante. São José como figura isolada na iconografia só passou a se tornar popular na época do barroco, século XVI, especialmente na Espanha, sendo Santa Teresa D’Ávila considerada uma das grandes promotoras dessa devoção.
No mundo antigo também é muito difícil encontrarmos igrejas consagradas a São José. A melhor resposta que encontramos sobre isso é a que invoca o perigo da idolatria existente na época, influenciada pelo paganismo. A imagem de São José carregando o menino Jesus poderia ser facilmente confundida com o Deus Júpiter carregando um de seus incontáveis filhos ou São José por ser pai de Jesus, poderia ser considerado também um Deus superior a Jesus. Outra razão importante para a raridade de igrejas consagradas a São José é que ele aparece na Sagrada Escritura nas cenas da infância de Jesus e os ícones com essa representação são preferidos sem necessidade de obras especiais.
Selecionei três ícones de São José com o menino Jesus: o primeiro (fig. 1) é um ícone do século XVIII de origem melquita cujo estado de conservação mostra sinais de deterioração. Os outros dois (fig. 2 e fig. 3) são de minha autoria e obedecem aos mesmos critérios de composição. Essa composição é baseada nos ícones de Nossa Senhora com o menino Jesus, chamado de hodigetrias (aquela que mostra o caminho). A representação está em busto, da cintura para cima. Os rostos em meio perfil das personagens tem o olhar voltado para quem contempla o ícone. A mão direita de São José está voltada para Jesus, como a indicá-lo como “o caminho a verdade e a vida”. A mão esquerda ampara o menino Jesus como se o oferecesse a humanidade. Como podemos notar, não há padronização das cores na veste de São José nos ícones, assim a interpretação das cores deve ser feita dentro de cada ícone, tornado inútil uma tentativa de sistematização. A cor que sempre se repete em todos os ícones de forma similar é a cor do manto do menino Jesus que é um alaranjado, um ocre quente. Essa cor é uma mistura de amarelo e vermelho, o amarelo é a cor do sol da luz e o vermelho, neste caso, a cor do sangue e da carne, assim esse menino é representado como o novo Adão, aquele que tem as duas naturezas a divina e a humana. Esse menino não é um bebê qualquer, é o Emanuel, assim tem a aparência de um adolescente de 12 anos, época em que ele começou a fazer a vontade do Pai, conforme o Evangelho. Ele, no nimbo (auréola) leva uma cruz, com a inscrição e grego do nome divino revelado a Moisés na sarça ardente: ο ων, aquele que é, ou eu sou. Às vezes São José carrega um ramo florido que quando é lírio é insígnia de sua pureza e quando é flor de amêndoa alusão ao seu casamento relatado na prova imposta pelo sacerdote do bastão florido dos pretendentes, narrado no evangelho apócrifo da vida de São José, escrito provavelmente no século V.