Vinte anos depois de João Paulo II, o Papa retorna à Romênia. Francisco visitará não só Bucareste, como ocorreu com Wojtyla, mas também diferentes regiões, cada uma com a sua própria história e cultura, onde encontrará as diferentes comunidades católicas. Um país com uma maioria ortodoxa, em que os católicos são cerca de 7%.
Francisco foi recebido pelo Presidente da Romênia, Klaus Werner Iohannis, de uma antiga família de saxões da Transilvânia, e sua esposa. Estes primeiros momentos serão marcados pela cerimônia de boas-vindas no complexo do Palácio Presidencial, ao Palácio Cotroceni, pela visita de cortesia ao Presidente, pelo encontro com a primeira-ministra da Romênia, Vasilica Viorica Dancila e, posteriormente, com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático.
Em seu primeiro discurso em terras romenas, o Pontífice recordou a visita de São João Paulo II e afirmou que a Igreja Católica quer se colocar ao serviço da dignidade e do bem comum. Também recordou o fenômeno da emigração da população à procura de novas oportunidades de trabalho, levando ao “despovoamento de muitas localidades” que pesa inevitavelmente “na qualidade de vida em tais terras e enfraquecimento das raízes culturais e espirituais que sustentam nas adversidades”.
É necessário caminhar juntos e que todos se comprometam, convictamente, a não renunciar à vocação mais nobre a que deve aspirar um Estado: ocupar-se do bem comum do seu povo. Assim, pode-se construir uma sociedade inclusiva, na qual cada um, disponibilizando os seus próprios talentos e competências (…) se torne protagonista do bem comum”. De fato, conclui “quanto mais uma sociedade se dedica aos mais desfavorecidos, tanto mais se pode dizer verdadeiramente civil”.
Francisco encontra o Sínodo permanente da Igreja Ortodoxa Romena
O segundo compromisso oficial do Papa Francisco na Romênia, foi no Palácio do Patriarcado Ortodoxo de Bucareste. Na ocasião o Papa foi acolhido pelo Patriarca Daniel com o qual teve um encontro privado e em seguida dirigiu-se à Sala “Conventus” para o encontro com os membros do Sínodo Permanente da Igreja Ortodoxa Romena.
Após a saudação de boas-vindas de Sua Beatitude Daniel o Papa falou aos presentes iniciando com a saudação “Cristos a înviat! Cristo ressuscitou!” afirmando que “a ressurreição do Senhor é o coração da proclamação apostólica, transmitida e guardada pelas nossas Igrejas”. E recordou as palavras de João Paulo II 20 anos atrás ao mesmo Sínodo que dizia “vim contemplar o Rosto de Cristo esculpido nesta Igreja; vim venerar este Rosto sofredor, penhor duma esperança renovada”, e Francisco afirmou: “Também eu, desejoso de ver o rosto do Senhor no rosto dos irmãos, vim aqui, peregrino, para ver todos vocês; de coração, agradeço a recepção”.
Caminhar juntos
Com a força da memória: “Não a memória dos agravos sofridos e infligidos (…), mas a memória das raízes: os primeiros séculos em que o Evangelho, anunciado com audácia e espírito de profecia, encontrou e iluminou novos povos e culturas”. A este propósito o Papa recordou:
Os passos que demos juntos encoraja-nos a continuar rumo ao futuro com a consciência das diferenças, mas sobretudo na ação de graças de um ambiente familiar que deve ser redescoberto, na memória de comunhão que se deve reavivar”.

Caminhar juntos na escuta do Senhor
Como os Apóstolos, disse o Papa “também nós precisamos de escutar juntos o Senhor” sobretudo nos dias de hoje com as rápidas mudanças sociais e culturais. Neste ponto o Papa alerta que embora “muitos se beneficiaram do desenvolvimento tecnológico e o bem-estar econômico”, a “maioria permaneceu inexoravelmente excluída” e que este fato contribuiu para erradicar os valores dos povos, enfraquecendo a convivência e levando a “atitudes de fechamento e ódio”.
“ Precisamos nos ajudar a não ceder às seduções de uma ‘cultura do ódio’ e do individualismo. E como encontrar o caminho? O caminho alcança a meta, como em Emaús, através da súplica insistente ao Senhor para que fique conosco”, chama-nos à caridade: a servir juntos, a ‘dar Deus’ antes de ‘dizer Deus’; a não nos mostrarmos passivos no bem, mas prontos a levantar-nos e partir, ativos e colaboradores”.
Caminhar juntos para um novo Pentecostes
“O trajeto que nos espera – afirma o Papa – estende-se da Páscoa ao Pentecostes: daquela aurora pascal da unidade, surgida aqui há vinte anos, encaminhamo-nos para um novo Pentecostes”, recordando o Papa João Paulo II. O Papa completa seu pensamento: “O nosso caminho partiu da certeza de ter ao lado o irmão que partilha a fé fundada na ressurreição do mesmo Senhor.
Concluindo o Santo Padre saúda os irmãos ortodoxos renovando sua gratidão e assegurando seu afeto, amizade e a sua oração e a da Igreja Católica.
Com informações de Vatican News.