Esterilização

É preciso chamar as coisas com o nome que realmente são. Ou conforme o ditado: “é preciso dar nomes aos bois”.

A esterilização da mulher se faz mediante a laqueadura das trompas, que impede o óvulo de passar pelas trompas, ou mediante a histerectomia, em que se extirpam os órgãos reprodutivos da mulher. A esterilização do homem se faz mediante a vasectomia, que incapacita os vasos deferentes de dar passagem aos espermatozoides.

O Catecismo da Igreja Católica (2297) não deixa dúvidas: “A não ser por indicações médicas de ordem estritamente terapêutica, as amputações, mutilações ou esterilizações diretamente voluntárias de pessoas inocentes, são contrárias à lei moral”.

A esterilização é uma amputação do corpo. “Toda a esterilização que tenha como único efeito incapacitar a faculdade reprodutiva de procriar deve ser considerada esterilização direta. Portanto, segundo a doutrina da Igreja, está totalmente proibida, não obstante qualquer boa intenção subjetiva de curar ou prevenir um mal físico ou psíquico ou temido como resultado de uma gravidez” (Congregação para a Doutrina da Fé, Resposta sobre esterilização em hospitais católicos, 13/03/1975, n.1).

Por que a esterilização não é aceita pela Igreja? É preciso primeiramente cair na conta de que a fertilidade é parte integrante da saúde humana. Portanto, é algo fundamentalmente contraditório submeter-se a uma operação para eliminar uma função sadia e essencial do corpo. O que está na base da rejeição da Igreja à esterilização não são doutrinas religiosas ou uma ideologia, mas a compreensão integral e científica da saúde humana. Ser fecundo/fecunda é saúde e não o seu contrário. Infelizmente essa evidência acabou sendo perdida por influências ideológicas que concebem a fertilidade humana como um mal.

Além disso, é preciso esclarecer que a esterilização tem consequências a longo prazo. Infelizmente quase ninguém fala delas.

Para as mulheres os riscos de uma laqueadura são: o agravamento do mal-estar ocasionado pela menstruação, dores fortes durante o período menstrual, ciclos mais longos e irregulares, hemorragias uterinas que podem perdurar anos, ausência de ovulação, infecções, produção anormal de hormônios, dor durante o ato sexual, dores na pelve, câncer cervical, cistos ou tumores no ovário, endometriose, desequilíbrio emocional.

Já nos homens, os riscos mais comuns da vasectomia são: tromboflebite e embolia pulmonar, infecções na próstata, no epidídimo, rins, sangue, válvulas do coração, formação de abscessos no fígado, infecções de pele, vulnerabilidade a doenças autoimunes, distúrbios de sono, esclerose múltipla, enxaquecas, hipoglicemia e diabetes, desiquilíbrios emocionais, alterações na função sexual, pedras no rim, tumores e câncer (especialmente de próstata).

Evidentemente a razão decisiva para rejeitar a esterilização não se funda no medo dos riscos para a saúde, mas na alegria de andar no caminho do universo moral e na liberdade humana. Além disso, é inerente e natural à vivência plena da feminilidade e da masculinidade a fecundidade. Mais uma vez, é preciso lamentar a inversão ideológica de algumas opiniões que entendem a fecundidade como um peso, uma ameaça e um freio, em vez de acolhê-la como natural expressão da saúde humana, como dom maravilhoso da graça divina e da natureza humana. Portanto, é um equívoco pensar que a esterilização (laqueadura e vasectomia) seja um instrumento de saúde pública. Saúde pública é fecundidade e não o inverso! Negando-se a praticar a esterilização, a Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba presta um serviço à Saúde Pública e é fiel ao objetivo do Sistema Único da Saúde (SUS), criado para reconhecer, proporcionar e garantir o direito universal à saúde.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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