Comunicado Oficial – Semana Santa 2020

Aos Reverendíssimos Padres
Aos Reverendíssimos Diáconos
Aos Consagrados e Consagradas
Aos Fiéis da Arquidiocese de Sorocaba

 

Sorocaba, 31 de março de 2020

 

Estamos com muitas saudades uns dos outros. Experimentamos com intensidade os sentimentos de São Paulo, quando escreveu aos Romanos: “Deus é testemunha de que constantemente me lembro de vós, pedindo sempre em minhas orações que eu possa vos rever de acordo com a vontade de Deus. Desejo vivamente vos ver, para compartilhar convosco algum dom espiritual para ser consolado juntamente convosco” (1,9-12).

Com esses sentimentos e depois de consultar o Conselho de presbíteros da Arquidiocese de Sorocaba, comunicamos algumas orientações pastorais sobre as celebrações da Semana Santa.

Levando em consideração as restrições e impedimentos das autoridades competentes para celebrar as festividades pascais que se aproximam; considerando que as orientações emanadas pelas autoridades competentes indicam o distanciamento social e que sejam evitadas as aglomerações de pessoas; reconhecendo que boa parte dos nossos fiéis que participam das celebrações litúrgicas fazem parte do grupo de risco ou cuidam dessas pessoas; e avaliando que não há como controlar nem limitar o número de fiéis que tomarão parte das celebrações da semana santa se estas forem celebradas nas igrejas com as portas abertas, tomamos a difícil decisão de manter a suspensão das celebrações comunitárias. As celebrações da Semana Santa serão realizadas sem povo.

Nesse sentido, damos algumas orientações comuns para todas as paróquias, casas religiosas, conventos situados na Arquidiocese de Sorocaba.

  1. Domingo de Ramos. “O Memorial da Entrada do Senhor em Jerusalém é comemorado dentro do edifício sagrado; nas igrejas catedrais é adotada a segunda forma prevista pelo Missal Romano; nas igrejas paroquiais e em outros lugares, a terceira”. Os fiéis participem da celebração do Domingo de Ramos em suas residências e exponham ramos na porta, janela ou portão, testemunhando assim a nossa aclamação ao Senhor que entra em Jerusalém.
  1. A missa crismal, marcada para o dia 8 de abril, às 19:30, na Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Ponte, está suspensa e será transferida para uma data a ser comunicada depois que a emergência da pandemia passar. Os óleos entregues no ano passado continuem sendo utilizados. Também está suspenso o encontro de espiritualidade do clero marcado para o mesmo dia, às 16:00, na igreja paróquia de S. Carlos Borromeu.
  1. O arcebispo celebrará a Missa da Ceia do Senhor, a Paixão do Senhor e a Vigília Pascal sem povo na Igreja Catedral.
  1. O Tríduo pascal não pode ser transferido e, por isso, será celebrado nas igrejas paroquiais sem a presença dos fiéis. Sejam avisados os paroquianos e recebam eles subsídios litúrgicos para a celebração em família.
  1. Nos mosteiros e nas casas religiosas, celebre-se na igreja/capela conventual o tríduo pascal com a comunidade religiosa, com as portas fechadas.
  1. Os fiéis participem das celebrações sem povo através de transmissões ao vivo e não de gravações. A natureza da liturgia exige essa participação no momento da celebração.
  1. Na Quinta-Feira Santa, nas Igrejas catedrais e paroquiais, na medida da real possibilidade estabelecida por quem de direito, os sacerdotes da paróquia podem concelebrar a Missa na Ceia do Senhor; concede-se a título excepcional a todos os sacerdotes a faculdade de celebrar neste dia, em lugar adequado, a Missa sem o povo. O lava-pés, já facultativo, omite-se. No final da Missa na Ceia do Senhor omite-se a procissão, e o Santíssimo Sacramento é guardado no Sacrário. Os sacerdotes que não tenham a possibilidade de celebrar a Missa, em vez dela rezarão as Vésperas.
  1. Sexta-feira Santa. Na oração universal, os celebrantes farão uma intenção especial para aqueles que se encontram em situação de perda, de doentes e de falecidos. O ato de adoração na cruz através do beijo é limitado apenas ao celebrante. A veneração da cruz e a procissão do Senhor morto com o povo estão transferidas, de modo facultativo, para o dia da Exaltação da Santa Cruz. Aqueles que acompanham a transmissão ao vivo podem fazer o beijo da cruz em suas casas.
  1. A Vigília pascal deve ser comemorada exclusivamente na Igreja catedral e nas igrejas paroquiais. Para o “início da vigília ou Lucernário” omite-se o acender do fogo; acende-se o círio e, omitindo a procissão, segue-se o precônio pascal (Exsultet). Segue-se a “Liturgia da Palavra”. Para a liturgia batismal, permanece mantida apenas a renovação das promessas batismais. Os catecúmenos receberão os sacramentos da iniciação cristã em data oportuna a ser estabelecida pelos párocos. Para que os paroquianos possam se unir à Vigília pascal, os sinos das igrejas sejam tocados durante a proclamação da páscoa e, no momento da renovação das promessas batismais, os fiéis procurem acompanhar em suas casas com velas acesas.
  1. Outras celebrações religiosas de piedade popular (via-sacra, celebração das sete dores de Maria, etc.) ligadas à semana santa podem ser feitas sem povo e transmitidas com a finalidade de reforçar a participação espiritual nos mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. O sermão das Sete Palavras será gravado pelo Arcebispo e divulgado pelos meios de comunicação social e redes sociais.

Retomando o que foi dito sobre as saudades que temos uns dos outros, recordamos que a este sentimento se acrescenta ainda outro, mais profundo e essencial, que são as saudades da comunhão eucarística. Temos recebido inúmeras manifestações de dor e de tristeza pela suspensão das missas com o povo e pela falta que a eucaristia faz na vida dos cristãos. Se de um lado essa dor nos faz sofrer, ela é também salutar. Os cristãos não têm outra forma de reagir à privação do sacramento da eucaristia a não ser a saudade e a tristeza pela falta que nos faz. Que essa experiência do vazio do sacramento intensifique o nosso amor e o nosso desejo pelo Amado de nosso coração. Ele não negará a sua presença e o dom de si mesmo àqueles que o buscam com amor. Nesta Semana Santa tão diferente de outras, aproveitemos as saudades para um amor mais intenso e afetuoso pelos irmãos e irmãs e pelo Senhor Jesus Cristo. “O amor é forte como a morte. Águas torrenciais não puderam extinguir o amor, nem rios poderão afogá-lo” (Ct 8, 6.7).

Com nossas orações e sofrimentos em Cristo,

 

Dom Julio Endi Akamine SAC
Arcebispo de Sorocaba

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