COMUNICADO OFICIAL – coronavírus

Aos Reverendíssimos Padres
Aos Reverendíssimos Diáconos
Aos Consagrados e Consagradas
Aos Fiéis da Arquidiocese de Sorocaba

Sorocaba, 14 de março de 2020

A Arquidiocese de Sorocaba quer estar ainda mais próxima de todos neste momento de preocupação pelo agravamento da transmissão do novo coronavirus. Para tanto, está acompanhando com senso de responsabilidade as determinações das autoridade sanitárias competentes e aplicará todas as normas já publicadas e as que serão para colaborar na contenção do agravamento da pandemia COVID 19.

Em atenção às orientações das autoridades sanitárias de suspender eventos com mais de 500 pessoas e de suspender progressivamente as aulas, determino o adiamento ou o cancelamento de encontros e celebrações (missas, procissões etc.) de mais de 500 fiéis. Evidentemente, não é possível cancelar missas com mais de 500 pessoas abruptamente, porém, os párocos de igrejas com capacidade acima desse número, irão progressivamente encontrar formas de adequar o número de fiéis que tomam parte das missas.

Também com a finalidade de evitar aglomerações, mesmo que menor do que o número de 500 pessoas, os padres multipliquem, onde e quando for possível, as missas dominicais. Utilizem os meios de comunicação para transmitir missas ao vivo.

Intensifiquem-se os cuidados de limpeza e higienização das igrejas. Os ambientes estejam abertos e bem ventilados, inclusive os que contam com sistema de ar condicionado.

Uma vez que as pessoas idosas e as fragilizadas por outras doenças (diabetes, doenças respiratória, insuficiência renal, hipertensão, tratamentos oncológicos, dengue etc.) são as mais vulneráveis a quadros graves da COVID 19, elas estão dispensadas do preceito eclesiástico; procurem permanecer em casa para preservar a saúde. Estas podem acompanhar a missa pela TV ou outros meios de difusão. Habitualmente os doentes são assistidos em suas residências pelos ministros extraordinários. Se houver essa necessidade, a família do mesmo deve contatar os responsáveis na comunidade mais próxima. Os ministros devem adotar os cuidados de profilaxia para zelar pelo bem desse grupo mais vulnerável.

Os mutirões de confissões estão suspensos a fim de evitar aglomerações. Em lugar deles, os sacerdotes organizarão horários mais frequentes e alargados para o atendimento das confissões. No atendimento das confissões adotem-se as medidas de higiene para preservar a saúde tanto de si mesmo quanto do penitente.

Os encontros de catequese serão progressivamente suspensos até que dure a suspensão das aulas do sistema público. As crianças e adolescentes sejam orientados quanto aos cuidados que devem ter quanto aos riscos de transmissão e às medidas que devem ser adotadas para diminuir os riscos de transmissão.

Os fiéis sejam orientados a cuidar da limpeza das mãos, especialmente quando forem receber a comunhão na mão. A comunhão na mão não é recomendável se ela estiver contaminada e/ou suja. Não se deve proibir a comunhão na boca para os fiéis que assim o desejarem.

Todos sejam orientados com delicadeza e firmeza a evitarem apertos de mãos, abraços e beijos nas missas e encontros pastorais.

Mantenham-se as igrejas abertas para as pessoas que desejam fazer oração pessoal e prestar culto à eucaristia.

Essas são as determinações. Considero, porém, necessárias algumas indicações de ordem mais pastoral.

Procuremos enfrentar esta pandemia com espírito cristão e com a força do Evangelho. Aproveitemos esse momento de sofrimento como um tempo de penitência e de conversão. A CF nos chama a cuidar dos caídos pelo caminho: que as medidas de contenção sejam assumidas como ato de amor e de cuidado. As restrições sejam assumidas como forma de um cuidado mais zeloso pela saúde dos outros principalmente das pessoas mais vulneráveis e fragilizadas. Procuremos cuidar com mais carinho de nossos idosos e doentes.

A necessidade de cuidar das crianças não deve ser vista como uma imposição da doença, mas como uma oportunidade para a redescoberta de uma vida familiar mais amorosa e afetuosa.

As restrições que a pandemia impõe não precisam ser aceitas passivamente. O fato de as famílias terem que evitar aglomerações pode e deve ser aproveitado para redescobrir a graça e a alegria da oração em família. Incentivo as famílias a trocarem os ambientes de diversão ou de compras pelo lar, aproveitando o tempo para rezar mais vezes em família. Quando possível, ofereçam-se às famílias subsídios para cultivar o recolhimento, a oração, a leitura orante da Palavra e a atenção ao mundo interior. Nesse sentido os pais desempenham quase um ofício sacerdotal em relação aos filhos.

As pessoas podem se sentir isoladas e solitárias. Por isso, recomendo que todos procuremos meios de manifestar proximidade aos mais fragilizados e sofredores.

Exorto os sacerdotes e diáconos a nos manter firmes e serenos em nossos postos ainda que tenhamos que correr mais riscos para garantir aos nossos fiéis o conforto da fé e dos sacramentos. Como bons pastores do rebanho cuidemos dele com dedicação e também com sacrifício pessoal. Não abandonemos nossos fiéis neste momento de dificuldades. Nas celebrações rezemos pela saúde pública, pela recuperação dos doentes e pelo descanso eterno dos falecidos.

Com afeto e orações,

Dom Julio Endi Akamine SAC
Arcebispo de Sorocaba

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