Terça-feira da 14a Semana TC
Gn 32, 23-33
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A cena da luta de Jacó no Vau do Jaboc (Gn 32,23-33) é paradigma da oração como luta. Jacó luta com o Ser misterioso que, no fim, permanece misterioso, mas que é forte para mudar o nome de Jacó para Israel, mudando-lhe a vida e a missão. É também o Ser misterioso que golpeia no corpo de Jacó, deslocando a articulação do fêmur de Jacó e ferindo-o na existência. Por fim, é esse Ser misterioso que abençoa Jacó. É importante prestar atenção ao tom misterioso do texto; deixar-se impressionar pelos silêncios. O personagem contra quem se luta tem forma humana, tem voz humana e tem a solidez de alguém. Mas ele não se identifica.
Dois lutam. Um dos lutadores sai vencedor, mas sai marcado.
Os dois perguntam “Qual é o teu nome?” (27 e 29). Um diz o seu nome e tem o seu nome mudado; o outro não diz o seu nome, mas abençoa.
A luta começa na escuridão da noite, avança pela aurora e termina quando já é dia.
Muita coisa do relato não é clara. De fato, o relato é misterioso, porque o próprio encontro é misterioso: é o encontro com Deus.
A oração é luta porque o encontro com Deus é encontro com o Mistério que se revela velando.
A mudança de nome para “Israel” indica que o destino de todo homem é lutar com Deus (é orar).
No relato, Deus mesmo provoca o orante para a luta, para a busca insatisfeita, para o esforço tenaz, para, no final, abençoá-lo.
Na oração nós lutamos pelo nome: o nome de Deus, o autêntico nome, que não é gasto nem esvaziado pelo uso e abuso do homem. A oração é uma luta pelo nome que, de alguma forma, é revelado e ao mesmo tempo não nos é dado. Mas o fato de ter ouvido a sua voz, de ter sentido o seu contato (que nos marca para o resto da vida) já é descoberta maravilhosa de Sua presença em nossa vida. Saímos da luta mancando. Somos pobres peregrinos que vamos mancando rumo à Salvação.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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