Comentário ao Evangelho – Terça-feira 27/09/2022

Terça-feira da 26ª semana TC

Jó 3,1-3.11-17.20-23

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Para entender melhor a leitura é preciso que leiamos a passagem anterior de Jó 2,11-13.

Três amigos de Jó, Elifaz de Temã, Baldad de Suás e Sofar de Naamat, ao saber da desgraça que havia sofrido, saíram de seu lugar e se reuniram para ir compartilhar seu sofrimento e consolá-lo. Quando o viram a distância, não o reconheciam, e começaram a chorar; rasgaram o manto, lançaram pó sobre a cabeça, em direção do céu, e ficaram com ele, sentados no chão, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo o seu sofrimento atroz.

O consolo é impossível para os amigos de Jó. A contemplação da dor emudece, até que da profundeza desse silêncio brote o grito doloroso de Jó.

Depois de sete dias de silêncio e pranto, Jó finalmente fala. Na verdade, ele amaldiçoa! A aposta de Satanás era a de que Jó iria amaldiçoar a Deus: “Mas estende a tua mão e toca em tudo o que ele possui; juro-te que te amaldiçoará na tua face” (1,11). Em vez disso, Jó amaldiçoa o dia em que nasceu, ou seja, a sua existência inteira desde a sua origem no tempo. Ele se queixa com a pergunta: por quê? É uma pergunta que pode significar protesto e rebelião. Pode também significar súplica dolorida e confiante.

Por que estas páginas escandalosas estão na Bíblia? Exatamente porque tais palavras estão na Bíblia é uma consolação para nós. Significa que Deus não rejeita quem, no sofrimento, clama por Deus. Mesmo que o clamor pareça desrespeitoso, mesmo que sejam palavras de extremo desespero, Deus ouve e não é surdo ao sofredor. Se Deus aceita tais palavras, é porque tais palavras não são vãs.

Não nos esqueçamos que na cruz, Jesus clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” Na cruz, Jesus acolheu e assumiu em si todo o desespero e todos os clamores da humanidade. Por meio do clamor de Jesus, o Pai acolheu todos os gritos de desespero dos homens de todos os tempos. Por isso, toda pena humana, também a mais terrível, está agora envolta por um amor que dá um valor eterno a todos os gritos e todas as lágrimas da humanidade.

Deus não deseja que os sofrimentos perdurem, por isso deseja que os cristãos saibam acolher e escutar quem está desesperado com a mesma sua compaixão.

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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