Terça-feira 15a semana
Ex 2,1-15a
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O relato da infância e juventude de Moisés antecipa como será a libertação que Deus realizará.
A ordem do Faraó era de que todos os meninos israelitas deviam ser mortos ao nascer, garantindo assim a segurança do Estado. A mãe de Moisés entrega o menino ao rio, abandonando-o a uma sorte incerta e a uma possível morte. Mas o rio conduz o menino até o remanso exato onde a filha do Faraó está. A cesta calafetada recorda a arca de Noé e carrega o futuro do povo de Deus. A princesa se comove. Ela não raciocina em termos políticos, não entende a razão de Estado que vê os israelitas como ameaça à segurança nacional, não se dobra à política desapiedada de seu pai, não despreza a raça estrangeira e está a favor da vida.
O relato salta da infância para a juventude de Moisés e narra sua primeira atuação como libertador. Trata-se de uma ação malsucedida por causa da violência empregada por Moisés.
Podemos entrever no relato três saídas de Moisés.
A primeira saída de Moisés é assim descrita: “um dia, quando já era adulto, Moisés saiu para visitar seus irmãos hebreus; viu a aflição e como um egípcio maltratava um deles. Olhou para os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e escondeu-o na areia”.
Diante da injustiça, Moisés reage com indignação violenta. Sua solidariedade é correta, sua reação à injustiça, no entanto, se mostrará errada. O que ele ganhou matando o egípcio? Não promoveu a libertação do povo. Somente retroalimenta o círculo de violência e de injustiça contra a qual queria reagir.
A segunda saída de Moisés se dá no dia seguinte: “saiu de novo e viu dois hebreus brigando, e disse ao agressor: ‘Por que bates no teu companheiro?’ E este replicou: ‘Quem te estabeleceu nosso chefe e nosso juiz? Acaso pretendes me matar, como mataste o egípcio?’”
A violência em vez de resolver o problema joga no descrédito Moisés perante os seus próprios irmãos. Nessa segunda saída, fica claro que a violência e a injustiça não se aninham somente nos egípcios, mas também nos próprios hebreus. Dessa forma, Moisés descobre que ao agir com violência, é rechaçado pelos próprios irmãos que não o reconhecem como alguém que age em nome de Deus.
A terceira saída de Moisés é uma fuga: Moisés, “fugindo da vista do faraó, parou na terra de Madiã”.
Moisés tomou a iniciativa e fracassou. Reagiu com violência e, por isso, só a reforçou e a agravou. Em Madiã ocorrerá o encontro de Moisés com Deus. É nesse momento que Deus tomará a iniciativa e incumbirá Moisés da missão de libertador.
A leitura de hoje nos adverte contra o erro de responder a violência com violência. Ao mesmo tempo, nos ensina a humildade: não nos arroguemos uma missão para a qual Deus não nos chamou.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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