Comentário ao Evangelho – Sexta-feira depois de Cinzas – 24.02.2023

Sexta-feira depois de Cinzas

Is 58,1-9

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O tempo de quaresma é tempo de penitência. Em todos os nossos esforços penitenciais, porém, há sempre o perigo do egoísmo e do orgulho: procuramos a perfeição pessoal diante de Deus nos pondo em um pináculo sem nos preocupar com o próximo. A religião se separa da vida concreta, da relação com as pessoas, como se fosse uma realidade à parte, o domínio do sagrado: Deus e eu, e o resto não importa.

A leitura de Isaías nos acautela contra esse erro. Com efeito, a Igreja, neste tempo de esforço ascético ouve esse texto do AT para endereçar os esforços penitenciais no caminho certo: não buscar ter uma relação privada com Deus, mas procurar o progresso nas relações interpessoais.

Uma das práticas privilegiadas neste tempo da quaresma é o jejum. Trata-se de uma prática penitencial muito tradicional já no AT. O jejum, porém, não pode ser realizado como uma ação exterior e desligada da prática das obras de misericórdia. Um jejum unicamente ritual não é agradável a Deus. Por isso ouvimos pelo profeta: “Deixai de jejuar como até agora. É isto que chamais de jejum, um dia agradável ao Senhor? Acontece que, no dia do vosso jejum, continuais nos vossos negócios e oprimis todos vossos operários. Jejuais, continuando as contendas e rixas, e bateis nos outros impiamente”.

Podemos, com efeito, nos aproximar de Deus com pretensões de sermos religiosos e piedosos unicamente por praticar a religião. Mas a religião não se limita às práticas religiosas. Estas devem ser acompanhadas de obras de misericórdia: “Acaso o jejum que prefiro não será este: quebrar os grilhões iníquos, soltar as cordas do jugo, deixar livres os quebrantados, romper toda a opressão? Não será, também, repartir teu pão com o faminto, recolher na tua casa os indigentes e errantes? Quando vires alguém nu, veste-o, e não desprezes a tua própria carne!

Não basta somente uma proximidade ritual de Deus. A Deus agrada sobretudo a proximidade nossa com os pobres e sofredores. O jejum autêntico e as obras de misericórdia chegam quase a divinizar a pessoa humana. Pela caridade o ser humano resplandece a glória de Deus.

Nesta quaresma procuremos praticar a penitência e as obras de misericórdia.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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