Comentário ao Evangelho – Sexta-feira da 5a. Semana da Quaresma – 31.03.2023

Sexta-feira da 5a. Semana da Quaresma

Jr 20,10-13

Clique para ouvir o Evangelho e seu comentário:

A leitura nos ajuda a entrar nos sentimentos de Jesus e a entender a vitória que Ele obteve pela sua paixão.

Ouvimos um trecho que nos faz conhecer os sentimentos de Jeremias. Ele sente pesar sobre si toda a hostilidade da multidão contra ele. Ninguém está ao seu lado, nem mesmo os amigos, depois que anunciou o castigo de Deus: “Todos os amigos observam minhas falhas: ‘Talvez ele cometa um engano e nós poderemos apanhá-lo e desforrar-nos dele’”. Jeremias faz um grande esforço pessoal e renuncia buscar se salvar com os próprios meios: “Ó Senhor, que provas o homem justo e vês os sentimentos do coração. Eu te declarei a minha causa”. É verdadeiramente uma vitória difícil e exigente confiar a sua causa a Deus e deixar a decisão nas mãos de Deus.

Todavia, Jeremias não renuncia à vingança, ainda que ela seja deixada nas mãos de Deus: “rogo-te que me faças ver a tua vingança sobre eles”. Segundo a compreensão do Antigo Testamento, Deus é justo e deve restabelecer a justiça, por isso o justo deixa nas mãos de Deus a vingança sobre os inimigos.

Mesmo que peça a vingança, é belo o que faz Jeremias: abandona nas mãos de Deus uma possível vingança. Esse é um primeiro passo em direção daquilo que Jesus realizará na cruz.

O primeiro passo quando sentimos o desejo de vingança é o que fez Jeremias: deixou-a nas mãos de Deus.

O segundo passo, o mais importante, só é possível pela graça de Cristo. Jesus foi além do que fez Jeremias. Na paixão não escutamos de Jesus nenhuma palavra que mencione, nem mesmo de longe, a vingança. Jesus sabe que Deus é justo e fará justiça, que Deus punirá o povo por causa de seus pecados. E isso ele disse várias vezes nos evangelhos. Mas ao fazer isso, o faz com coração apertado, entre lágrimas. Ele, por exemplo anuncia a destruição de Jerusalém não como alguém que deseja a vingança, mas sofrendo e chorando pela cidade pecadora que não soube reconhecer o tempo em que foi visitada. Ele anuncia o castigo com grande sofrimento, uma vez que sempre desejou recolher os seus habitantes como a galinha acolhe os seus filhotes.

No momento da crucifixão, Jesus não pede ao Pai que se vingue dos seus assassinos. Pelo contrário ele reza: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”.  Esse é o coração de Jesus, um coração que obteve a vitória completa sobre o mal se servindo de todas as ofensas para exprimir um amor ainda maior: “Deus, contudo, prova o seu amor para conosco, pelo fato de que Cristo morreu por nós, quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,8).

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

Veja mais em: Biografia / Agenda do Arcebispo / Palavra do Pastor / Youtube / Redes Sociais

Compartilhe: