Sexta-feira da 2ª Semana do TC
1Sm 24,3-21
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A leitura de 1Sm nos oferece um maravilhoso exemplo de reconciliação. Deus quer e, em Cristo, nos reconciliou. A atitude de Davi em relação a Saul é uma prefiguração da reconciliação realizada por Jesus Cristo. Deus inspirou Davi a não se vingar de Saul que o perseguia para matá-lo. Davi teve a ocasião de se vingar, mas foi nessa ocasião que ele olhou para Deus e renunciou a toda intenção vingativa.
Davi poderia ter interpretado a conjunção de fatores favoráveis como se a vontade de Deus estivesse entregando Saul para a vingança. Com efeito, não faltou quem assim interpretasse a ocasião dada a Davi: “Este certamente é o dia do qual o Senhor te falou: Eu entregarei o teu inimigo em tua mão, para que faças dele o que parecer bem a teus olhos”.
Mas Davi não matou Saul. Pelo contrário, aproximou-se de mansinho e cortou a ponta do manto de Saul. Esteve muito próximo, não foi percebido por Saul e mesmo assim não aproveitou a ocasião para matá-lo. Mas até isso causa dor em Davi, pois ele respeita o ungido do Senhor. É por isso que Davi declara a seus homens: “Que o Senhor me livre de fazer uma coisa dessas ao meu Senhor, o ungido do Senhor, levantando a minha mão contra ele, pois ele é o ungido do Senhor”.
Davi reconhece a dignidade de Saul, uma dignidade dada e querido por Deus. Esse reconhecimento está na base de toda a reconciliação. A reconciliação só é possível se na sua base estiver o reconhecimento da dignidade das pessoas em conflito.
Nós, muitas vezes, quanto estamos em conflito com alguém ignoramos a dignidade dele. Tendemos, ao contrário, tratá-lo desprezando ou negando a sua dignidade. Só conseguiremos chegar à verdadeira reconciliação se tratarmos os outros com sua dignidade inalienável. Assim procedeu Davi. Assim procede o cristão.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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