Sexta-feira 14a Semana do TC
Gn 46,1-7.28-30
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Jacó viveu anos sofrendo com a perda de seu filho José. Ao longo dos anos, Jacó tinha aprendido a conviver com essa dor, a se alimentar de recordações e a se consumir pelo sofrimento da ausência do filho amado.
De repente, ele é informado de que José vive e é governador do Egito. De repente, o longo período de sofrimento é anulado e o passado é conectado violentamente ao presente. Jacó tinha perdido o filho adolescente e agora o recupera como adulto engrandecido. É como se José tivesse saltado da adolescência ingênua e sonhadora para uma maturidade carregada de responsabilidades, sem ter passado pelo tempo intermediário da lenta maturação e desenvolvimento.
É demais para ele e seu coração. A alegria do presente será o último movimento de sua vida: “Agora poderei morrer contente, porque vi a tua face e te deixo com vida”. Assim o vazio aprofundado e sofrido de muitos anos se enche instantaneamente ao ver o filho.
A alegria de Jacó é alegria paterna: é alegria pelo filho. Sua alegria não é a preservação do nome e da descendência; para isso ele tem outros onze filhos. Sua alegria não é a lembrança de Raquel, para isso ele tem Benjamim. Também não é o orgulho de ver um filho bem-sucedido. É simplesmente seu filho vivo. E isso é tudo.
Para descrever toda essa alegria do pai que abraça o filho também a Bíblia tem dificuldade de encontrar as palavras. Por isso, o relato bíblico é muito sóbrio: descreve apenas um movimento, um gesto e uma frase. O movimento é o de José que sai do carro com atitude filial. O gesto é um abraço com lágrimas. A frase junta os extremos da morte e da vida. “Agora poderei morrer contente, porque vi a tua face e te deixo com vida”.
A morte do pai dá lugar ao protagonismo do filho, e a vida do filho dá serenidade à retirada do pai.
Contemplemos com calma e atenção esse encontro: um movimento, um gesto, uma frase!
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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