Segunda-feira da Terceira Semana da Quaresma
2Rs 5,1-15
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A história de Naaman, Deus se revela a um estrangeiro. Antes, porém, de realizar a cura, Deus leva o estrangeiro a abandonar o seu modo de conceber as coisas. Naaman, um pagão, não pensava que tivesse algum direito sobre o Deus de Israel, mas já tinha decidido como deveria se realizar o seu encontro com o homem de Deus.
É necessário reconhecer que ele não foi acolhido de modo muito afetuoso: o profeta nem se dá ao trabalho de recebê-lo pessoalmente. Simplesmente manda que um outro fale a Naaman que se lave sete vezes no Jordão. Não é um exemplo a ser seguido pela pastoral da acolhida: receber assim um doente que veio de tão longe!
A reação de Naaman é a mesma reação dos compatriotas de Jesus. Ele esperava uma outra coisa: um profeta de verdade teria saído ao seu encontro, teria parado e feito uma oração ao Senhor, teria colocado sua mão sobre as chagas e tê-lo-ia curado. Enfim, Naaman esperava um pouco mais de solenidade e de gestos pomposos; pensava que o profeta iria fazer uma cerimônia um pouco mais grandiosa, proferido um sortilégio ou palavras mágicas para chegar a uma cura milagrosa. Ao invés disso, manda que se lave no Jordão! Mas isto não poderia ter sido feito em Damasco?
Foi necessário que morresse o homem velho de Naaman para que renascesse uma pessoa nova; Naaman precisou abandonar todas as certezas precedentes, precisou submeter-se à iniciativa divina, aceitando docilmente a maneira simplíssima de Deus agir.
Deus realiza coisas grandiosas com meios simples. A cura de Naaman nos faz pensar no batismo que é uma ação muito simples. Como é possível que um pouco de água na cabeça da criancinha possa recriar uma nova pessoa, um filho de Deus? Deus age deste modo: usa meios muito simples para dar seus maravilhosos dons.
Muitas outras realidades são simples: a missa é algo muito simples. Pão e vinho são simples. Também nossa vida cotidiana é simples. Ela pode se tornar instrumento da graça de Deus desde que a vivamos com amor.
A vida de Jesus em Nazaré foi muito simples. E foi exatamente esta simplicidade que foi a pedra de tropeço para os compatriotas de Jesus. Na sua terra Jesus é conhecido: é um homem como os outros, por isso não pode ser um profeta, não pode ser instrumento de Deus; dele não se pode esperar nada de extraordinário.
Aprendamos assim a reconhecer que no simples se realiza o dom extraordinário, no humilde se revela o sublime, no singelo se esconde o sublime.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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