Comentário ao Evangelho – Segunda-feira da Oitava do Natal – Santo Estevão – 26.12.2022

Segunda-feira da Oitava do Natal – Santo Estevão

At 6,8-10;7,54-59

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Santo Estevão é a primeira resposta, primeira resposta perfeita ao Evangelho de Jesus.

À primeira vista, parece haver um grande contraste entre a festa do Natal e a festa de hoje. Mas se olharmos com atenção e com fé notaremos relações profundas entre o mistério da encarnação e o martírio de Santo Estevão.

Ontem nós ouvimos: “A Palavra se fez carne e habitou entre nós”. Santo Estevão enfrentou a oposição dos judeus porque estava convencido desse novo modo de ser de Deus: Deus encarnado, o Emanuel. Deus não se contentou apenas com o estar presente por meio de sua onipresença. Ele quis habitar entre nós, na nossa carne.

Com a encarnação do Verbo, Deus habita não somente no templo. Ele habita entre nós na nossa carne e por isso é essa Presença (do Verbo encarnado) o novo templo de Deus. Santo Estevão proclamou essa nova presença, presença qualificada, presença pessoal, presença na nossa carne, e por isso foi acusado de pregar contra o Templo e de ameaçar as Instituições sagradas dos judeus. Prestemos atenção: a acusação que levou Estevão ao julgamento e à condenação foi a de que ele anunciava a destruição do templo de Jerusalém.

De fato, depois da vinda de Cristo, de sua encarnação, as formas de presença de Deus são radicalmente superadas e é preciso se converter. É preciso mudar de rota, é preciso renunciar às convicções antigas, às seguranças que tais convicções davam.

Santo Estevão foi fiel ao mistério da encarnação até as últimas consequências, até o testemunho de sangue.

Ele não foi fiel a ideias a doutrinas. Ele foi fiel a Jesus, o Filho, o Verbo encarnado. E tal fidelidade se demonstra pelas suas atitudes e palavras. “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”. Esta oração, no momento da morte, repete a oração de Jesus; é quase a mesma. A diferença está no fato de que Estevão entrega o seu espírito a Jesus para que Ele o entregue a Deus.

Por que isso?

A oração de Estevão e o seu martírio só são possíveis porque ninguém pode dar nada a Deus Pai a não ser através de Jesus. Uma vez que o Verbo se encarnou, Ele é para sempre o Mediador. Somente por meio dEle podemos entregar o espírito ao Pai. Repito: ninguém é capaz, ninguém pode entregar nada ao Pai a não ser por meio do Mediador. Somente o Filho agrada ao Pai. Somente a sua oferta é digna do Pai. Só o seu sacrifício é aceito pelo Pai. Essa nossa impotência em agradar ao Pai, em ser digno dEle, em ser aceito por Ele é também nossa dignidade e privilégio.

Tudo podemos entregar a Cristo, e tudo por Ele é aceito, é digno e é agradável ao Pai. Unindo a nossa oferta ao o sacrifício de Cristo, temos a garantia de sermos também aceitos e acolhidos pelo Pai.

Este Ano da Vida Consagrada é uma ocasião preciosa para consagrar a Deus a nossa vida em pobreza, castidade e obediência fazendo delas a pobreza, a castidade e a obediência do Filho.

A nossa consagração é essencialmente a consagração do Filho. Viver como consagrados é viver a castidade, a pobreza e a obediência do Filho.

Diante de recém-nascido do presépio façamos a nossa oração: “Senhor Jesus, eu te entrego o meu espírito; te entrego minha vida de consagração. Seja a tua castidade a minha; que tua pobreza seja a minha; que tua obediência seja a minha. Ó Menino da manjedoura, faz com que a tua palavra seja a minha palavra, que teus pensamentos sejam os meus; que tuas ações sejam as minhas; que eu viva a tua vida. Amem”.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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