Comentário ao Evangelho – Segunda-feira da 5ª Semana do TC – 06.02.2023

Segunda-feira da 5ª Semana do TC

Gn 1,1-19

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Iniciamos a leitura do livro de Gênesis. A perícope de hoje corresponde à narrativa dos quatro primeiros dias da criação.

Ouvindo Sempre surge a pergunta: quem tem razão a ciência ou a Bíblia? Será que se trata de escolher entre a ciência e a Bíblia?

Para nos ajudar a superar essa aparente contradição o Catecismo da Igreja Católica nos ajuda.

  1. A questão das origens do mundo e do homem tem sido objeto de numerosas investigações científicas, que enriqueceram magnificamente os nossos conhecimentos sobre a idade e a dimensão do cosmos, a evolução dos seres vivos, o aparecimento do homem. Tais descobertas convidam-nos, cada vez mais, a admirar a grandeza do Criador e a dar-Lhe graças por todas as suas obras, e pela inteligência e saber que dá aos sábios e investigadores.
  2. O grande interesse atribuído a estas pesquisas é fortemente estimulado por uma questão de outra ordem, que ultrapassa o domínio próprio das ciências naturais. Porque não se trata apenas de saber quando e como surgiu materialmente o cosmos, nem quando é que apareceu o homem; mas, sobretudo, de descobrir qual o sentido de tal origem: se foi determinada pelo acaso, por um destino cego ou uma fatalidade anônima, ou, antes, por um Ser transcendente, inteligente e bom, chamado Deus. E se o mundo provém da sabedoria e da bondade de Deus, qual a razão do mal? De onde vem ele? Quem é por ele responsável? E será que existe uma libertação do mesmo?

As ciências procuram responder às perguntas sobre quando e como surgiu materialmente o cosmos e o ser humano.

A Bíblia por sua vez, sem negar as descobertas da ciência, procura responder a questões mais profundas que escapam ao alcance da ciência: o cosmos tem origem de uma causalidade cega ou de Deus? Se o mundo provém da bondade e sabedoria de Deus porque existe o mal? De onde vem o mal? Quem é responsável por ele?

O relato do Gênesis responde a essas questões.

A primeira lição da Bíblia é esta: o mundo não tem origem no caos nem no acaso. Crer na Bíblia, significa afirmar que o mundo é fruto de uma decisão de amor. Há, portanto, uma opção livre que se expressa na palavra divina criadora. O universo assim não apareceu como resultado de uma onipotência arbitrária, de uma demonstração de força ou de um desejo de autoafirmação. A criação pertence à ordem do amor.

É preciso estar atendo à repetição de uma expressão que, à primeira vista, pode passar desapercebida: cada criatura é chamada à existência por Deus pela sua palavra: “Deus disse, faça-se… e se fez”!

Na Bíblia, o termo hebraico “criar” é “bará”. Esse verbo exclusivamente aplicado a Deus, exprime a ação extraordinária e potente cujo único sujeito é Deus. Criar é, nesse sentido, a ação própria e exclusiva de Deus. Criar significa: fazer a partir do nada, chamar à existência, formar um ser do nada, produzir algo não de coisas preexistentes.

Enquanto criador, Deus está de certo modo “fora” da criação (ou seja, é transcendente a ela), e a criação está “fora” de Deus (porque não é Deus e não se confunde com Ele).

Criou porque quis comunicar à criação a sua bondade, a sua verdade, a sua beleza e a sua felicidade. Criando todos os seres do nada os chamou a participar de Suas perfeições divinas em medida diversa e conforme o lugar que os diversos seres ocupam na hierarquia dos seres. Em uma palavra: Deus criou o mundo por amor.

Crer que Deus criou o mundo é ter uma visão positiva da realidade material. Com efeito, é notável o otimismo do relato do Gênesis: Deus cria todas as coisas porque as ama e as ordenou em uma graduação que vai do mais ínfimo até o mais elevado dos bens.

Não existe nada que não participe, em seu modo e grau, do Sumo Bem que é Deus. Por isso a cada criatura lhe compete um lugar correspondente na hierarquia dos seres e, consequentemente, em tudo há um grau de bondade que varia de acordo com o lugar que o Criador assinalou em tal hierarquia.

O amor de Deus é a razão fundamental de toda a criação. Cada criatura é objeto da ternura do Pai que lhe atribui um lugar no mundo. Até a vida mais efêmera é objeto do amor de Deus. Mesmo nos poucos segundos de existência dessa vida limitada, Deus o envolve com o seu carinho (Laudato sì, 77). A criação está cheia de palavras de amor do Criador.

Deus disse, faça-se… e se fez”!

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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