Comentário ao Evangelho – Segunda-feira da 24ª semana TC – 18.09.2023

Segunda-feira da 24ª semana TC

1Tm 2,1-8

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Paulo exorta a Igreja a fazer “preces e orações, súplicas e ações de graças por todos os homens”. Ela não reza somente para si mesma e sim por todos porque a Igreja sabe que Deus “quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. A oração da Igreja é universal porque a vontade salvadora de Deus é universal. Ao longo de toda sua existência a Igreja sempre procurou erguer “mãos santas, sem ira e sem discussões” em favor de todos.

É de se notar que na oração que a Igreja faz em favor de todos, estão incluídos os que “governam e todos os que ocupam altos cargos”. É admirável isso! Nem sempre nos damos conta de como essa exortação representa uma revolução da relação da Igreja com o Estado e com os seus poderes constituídos.

Prestemos atenção! A atitude orante da Igreja não reconhece nenhum poder absoluto a não ser o de Deus. A Igreja reza por todos os homens inclusive pelos governantes porque também os governantes estão sob a autoridade de Deus e em dependência de Deus. Não podemos nos esquecer que no tempo de São Paulo, as pessoas não rezavam pelo Imperador, mas ao Imperador. Havia até mesmo uma liturgia imperial dedicada a rezar ao Imperador.

A Igreja não reza ao Imperador, mas única e somente a Deus! Ao rezar pelas autoridades deste mundo, a Igreja não deixa de reconhecer o legítimo exercício de um poder terreno, mas não lhes reconhece poder divino algum. Assim a oração universal da Igreja recorda a  todos que todos estamos submetidos a Deus e dele dependemos e de que ninguém pode pretender ultrapassar os limites que foram fixados pelo próprio Deus. Assim a oração universal da Igreja inculca nas consciências dos que rezam que a autoridade terrena dos que nos governam e que ocupam altos cargos só se legitimam na medida em que serve a vontade de Deus.

A oração universal revela ainda um outro aspecto da relação da Igreja com o mundo. Conforme a exortação de Paulo, a Igreja reza “por todos os homens; pelos que governam e por todos os que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena com toda a piedade e dignidade”. A Igreja reza pelas autoridades do Estado porque sabe que um bom governo garante o bem-estar de todos, sejam estes cristãos ou pagãos. A Igreja reza pelas autoridades por uma questão de sobrevivência. Ela não é uma teocracia, com nacionalidade, território, legislação e Estado próprios. Ela reza pelas autoridades porque sabe que depende da sociedade civil para sobreviver e assim cumprir sua missão apostólica. Sem uma sociedade civil minimamente organizada e funcionante, a Igreja e os cidadãos não podem sobreviver.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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