Segunda-feira da 12ª Semana do TC
Gn 12,1-9
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Abraão é reconhecido como pai na fé tanto pelos hebreus, quanto pelos cristãos e muçulmanos.
Abraão deu início a fé como uma opção tão radical que, no livro do profeta Isaías se diz: “Olhai bem para a rocha de onde fostes tirados, reparai o talho de onde fostes cortados. Observai Abraão, vosso pai” (Is 51,1-2).
Com sua fé, Abraão é rocha sobre a qual podemos apoiar nossa fé, é o poço do qual tirar a água viva do nosso crer. Por isso, na carta aos Gálatas, o Apóstolo Paulo não hesita dizer que “filhos de Abraão são aqueles que veem pela fé” (3,6).
A fé não é um produto do nosso coração. Ao contrário é ela que nos gera e nos produz. É a fé que nos faz ser o que somos! De fato, a fé é dom do alto que nos recria e nos dá um novo ser.
Em Romanos (4,3) se diz que “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi levado em conta como justiça”. Ser justo diante de Deus é a única coisa que conta na vida. Pois bem, este único necessário não é possível sem a fé e o modelo desta fé é Abraão.
Toda a aventura de Abraão, pai na fé de muitas gerações, começa quando ele tinha 75 anos: “Abrão tinha 75 anos quando deixou Harã” (Gn 12,4). Nunca é tarde demais! Setenta e cinco anos, também naquele tempo, era a idade da velhice, embora, segundo as tradições dos patriarcas, vivia-se mais tempo.
Abraão é assombrado pelo medo da morte: no seu tempo não existia a fé na imortalidade. Segundo o juízo comum, a vida era a que se vivia neste mundo, fechada entre o choro do nascimento e o suspiro da morte. Tudo o que um homem podia dar ou receber, devia dá-lo ou recebê-lo nos anos de sua vida mortal.
Portanto, Abrão é um homem já velho, um nômade, que vem de uma família idólatra e cheio de medos, como muitos de nós, com nossas fragilidades, nossas incertezas, nossas dúvidas, nossos questionamentos. A esse homem chega o chamado de Deus.
O Senhor lhe pede que deixe sua terra, suas certezas, seus afetos. A ordem divina é categórica. Abrão tem de cortar todas as relações e apegos que o prendem. E deve começar o seu caminho de fé sob o signo do êxodo e da saída. Isso certamente custa. De fato, quanto mais velhos somos mais nos custa. Custa-nos quando nos tornamos mais rotineiros, ligados aos próprios pontos de referência, como o cão a seu osso.
Abrão não é uma exceção: ter de deixar Ur dos Caldeus, aquele seu pequeno mundo feito de ídolos, de comércios, de nomadismo, de inseguranças, de medos. Não deve ter sido fácil! Com efeito, amamos muito nossa prisão!
Mas Deus prometeu a Abrão algo muito belo: a plenitude da bênção, a descendência numerosa como as estrelas do céu e como a areia na praia do mar.
A alguém que não tinha filhos, tal promessa aparece um sonho.
E Deus lhe promete a terra, a ele que era um nômade! É a promessa de uma estabilidade para sempre: um chamado belo demais para não ser aceito. Num sobressalto de liberdade e de desejo, Abrão decide obedecer à voz de Deus. Sua resposta é a simples obediência. E, deixando sua terra, parte para a terra da promessa de Deus começando a grande aventura da fé (Hb 11,8).
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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