Segunda-feira da 20ª Semana do TC
Mt 19, 16-22
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Este famoso encontro de Jesus com o jovem rico é narrado pelos três evangelhos sinóticos. No relato que acabamos de ouvir há uma gradativa revelação de quem é a pessoa que aborda Jesus para lhe perguntar: O que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?
Primeiro Mateus diz que “alguém” (v16) se aproximou de Jesus, depois que ele era jovem (v20) e, por fim, que era muito rico (v22). Talvez seja intencional essa gradação, pois a pergunta pode ser feita por “qualquer um de nós”, porque a juventude é ativa, e porque a recusa é provocada pela riqueza.
A espiritualidade do jovem é uma espiritualidade das obras que asseguram a vida eterna, e a pergunta é feita nesse sentido: o que deve fazer de bom?
Jesus responde primeiramente dizendo que um só é o bom. Deus não é mencionado pelo seu nome. Ele é designado por algo que o substitui: o Bom. Os judeus tinham inventado várias formas de mencionar Deus sem nomeá-lo exatamente para não faltarem com o respeito ao nome de Deus. No NT essa é a única vez que se chama Deus como “o Bom”. No AT essa forma de nomear Deus é mais comum nos profetas. Jesus, portanto, ao dizer que um só é o Bom, mostra que quando se pergunta sobre o bom, nós devemos nos por diante de Deus.
Jesus enumera alguns mandamentos e acrescenta o preceito do amor ao próximo (Lv19,18).
O jovem responde que tem cumprido tudo isso. Então Jesus, sem desprezar essa fidelidade do jovem aos mandamentos, lhe propõem as exigências do Reino de Deus que ele anuncia e lhe explica as exigências da perfeição.
A perfeição de Jesus é mais do que pura observância da Lei. Não é tanto cumprimento, mas seguimento de Jesus. Nisso consiste o tesouro no céu: é o tesouro em Deus.
O jovem rico esperava de Jesus uma outra resposta. Esperava que Jesus lhe mandasse dar esmolas mais generosas, que fizesse algo com sua riqueza, mas sem alterar muito a sua vida.
Para ser discípulo de Jesus, é preciso dar tudo, é preciso dar-se todo inteiro, sem distinguir o que tem e o que é.
O encontro com o jovem rico nos revela que a fidelidade humana não é tudo. Ela é importante porque nos abre para o dom de Deus, mas não é suficiente. A fidelidade humana precisa de um complemento divino: renunciar a tudo para dar espaço ao verdadeiro tesouro. Isso não é fácil, mas Jesus deseja nos comunicar essa alegria.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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