Comentário ao Evangelho – Segunda-feira 10/08/2020

São Lourenço, Festa

Jo 12, 24-26

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Lourenço, insigne diácono da diocese de Roma, selou com o martírio o seu generoso testemunho de caridade no exercício do seu ministério diaconal. Ele foi martirizado somente quatro dias depois do martírio do Papa Sisto II de quem era fiel colaborador.

Perguntado pela autoridade romana onde estava escondido o tesouro da Igreja, mostrou em resposta os pobres que ele cuidava. Essa resposta não era uma escapatória nem era uma manipulação dos pobres. A sua resposta era sincera: tinha os pobres como a riqueza da Igreja! É uma atitude muito importante para os dias de hoje, quando a cultura da indiferença e a idolatria do dinheiro levam muitos a sentir os pobres como ameaça e incômodo. Lourenço continua dando um testemunho importante para nós que, muitas vezes, vemos os pobres como descartáveis e indesejados.

Lourenço foi martirizado na grelha que suportou valorosamente.

Quem quiser me servir, siga-me”. A vocação de todo batizado é como a de S. Lourenço: seguir Jesus. Entregando-se com alegria aos pobres, Lourenço seguia Jesus. Lourenço dava com alegria aos pobres os seus bens: a bênção da Igreja (Lourenço era diácono), o seu tempo, o seu trabalho, toda a sua vida até o fim. E por quê? Porque ele sabia que a única vocação que existe na Igreja é a imitação de Cristo.

O Pai deu generosa e totalmente o Filho ao mundo. O Filho se deu totalmente na cruz ao Pai e aos homens. O Pai e o Filho entregam o Espírito Santo aos discípulos. Não há outra vocação para o cristão a não ser fazer o mesmo: doar-se totalmente. Quem sempre se doa no amor já está vivendo e morrendo com Cristo. Quem vive assim já tem vida em plenitude.

Nisso reside a única explicação do heroísmo do mártir Lourenço e de outros mártires da Igreja: a sua experiência e o seu sacrifício só podem ser explicados e justificados por uma intenção sobrenatural (o Pai entrega o Filho, o Filho se entrega, o cristão se entrega).

Muitas vezes o martírio tem sido explicado a partir de causas humanas (políticas, nacionalistas, fundamentalistas). Essa forma empobrecida de entender o martírio gera e tem gerado fanáticos de todo tipo, fanáticos que se dispõem a morrer para que sua causa triunfe.

O verdadeiro mártir (testemunha) não pensa na vitória de sua causa (política, filosófica, ideológica). O mártir não está envolvido nas lutas desta terra: ele deseja testemunhar Cristo. Assim o martírio de Lourenço ultrapassa o fator político, supera o mero conflito entre a doutrina revolucionária do evangelho e a ordem estabelecida da pax romana.

O martírio na Igreja é um ato sacramental que se realiza como um carisma, como graça das graças, cujos efeitos sobrenaturais se espalham para toda a Igreja e todo o mundo. O mártir nada mais é do que um seguidor de Cristo!

Cristo será para nós uma hóstia quando, por Ele, nós mesmos nos tivermos transformado em hóstias! (São Gregório Magno) Santo Inácio escreveu que desejava ser trigo moído para se tornar pão puro de Deus.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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