Comentário ao Evangelho – São Filipe e São Tiago Menor – 03.05.2023

São Filipe e São Tiago Menor

Jo 14,6-14

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Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai a não ser por mim”.

No discurso do pão da vida, essas palavras de Jesus parecem contradizer outras palavras que o mesmo Jesus diz: “ninguém vem a mim se o Pai não o atrai”. Quem é a vida: o Pai ou Jesus?

Mas aqui não há contradição ou concorrência entre o Pai e o Filho. Há complementariedade. No início, é o Pai que age: Ele atrai a gente para Jesus. É por isso que não é possível ir até Jesus, se o Pai não o atrai interiormente. E é exatamente, quando nos atrai para Jesus, que o Pai revela que para ir até Ele é preciso ir por meio de Jesus. O Pai não permite que ninguém chegue até Ele sem passar pelo Filho, porque o Filho é verdadeiramente o caminho, aquele que revela o Pai, que comunica a vida do Pai.

Neste evangelho, Jesus se revela: revela o seu coração e revela o seu desejo de que conheçamos o Pai.

Quem me vê, vê o Pai”. Ver o Pai é um desejo profundíssimo do ser humano. Mais do que conhecer, queremos ver Deus. O pensamento, o conhecimento é um meio indireto de conhecer Deus. Para conhecer de verdade é preciso ver, ou seja, é necessário se encontrar pessoalmente com Deus. Não queremos apenas um contato indireto com Deus: não bastam pensamentos e ideias sobre Deus. Queremos encontrá-lo pessoalmente, queremos ver.

Para ver Deus nos foi dado o Filho: quem vê o Filho, vê o Pai. Esse é o mistério mais profundo de Jesus: Ele é o revelador do Pai! Não se trata apenas de contemplar os traços exteriores de um rosto. Em Jesus, podemos contemplar toda uma existência humana. O Pai está em Jesus, na sua vida, nos seus atos, nas suas palavras, na sua existência, e principalmente em sua paixão, morte e ressurreição. É na páscoa de Cristo que podemos ver Deus.

Peçamos a intercessão de Filipe que desejava ver Deus. Que possamos nós também desejar ver Deus. E que possamos vê-lo em Jesus, na sua morte e ressurreição.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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