Sábado da 6ª Semana do TC
Hb 11,1-7
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Somos convidados pela leitura a refletir sobre o grande dom da fé. Segundo a carta aos Hebreus: “a fé é um modo de possuir o que ainda se espera, a convicção acerca de realidades que não se veem”. Segundo essa definição a fé não é somente um crer, mas também um esperar. Com efeito, a fé sempre está ligada à virtude da esperança
A esperança desempenha na vida de fé um papel preponderante. Na realidade esperança e fé são inseparáveis. A fé nos garante a realidade daquilo que é objeto de nossa esperança.
Outro ensinamento importante da leitura de hoje é que nós podemos escolher encarar a vida entre duas alternativas: podemos entender a vida a partir da fé, ou entendê-la a partir de nós mesmos. Entender a vida a partir de nós mesmos significa ter uma concepção materialista da vida, baseada na suficiência humana ou nas circunstâncias e possibilidades que a vida nos oferece no aqui e no agora. Nada há para além das realidades que vemos com nossos próprios olhos, nem futuro no qual as coisas sejam melhores do que no presente.
Entendida a partir da fé, a vida se revela como uma peregrinação para uma pátria melhor, com a certeza de um futuro que nos espera e que compensará todas as renúncias e sacrifícios que a própria fé nos impõe no presente.
A primeira concepção da vida estava muito difundida na sociedade e na cultura daquela época, sobretudo na filosofia do estoicismo. O estoicismo proclamava a superação e o desprendimento das coisas deste mundo a fim de alcançar a paz interior e a segurança superior às coisas e comodidades que este mundo podia dar. No fundo, o estoicismo almejava a suficiência humana: a felicidade estoica não dependia das frágeis garantias que o mundo podia oferecer; era preciso buscar em si mesmo a garantia e a estabilidade da felicidade.
A escolha do caminho da fé é apresentada concretamente a partir do exemplo de grandes personagens do Antigo Testamento: Abel, Henoc e Noé.
Esses campeões da fé são para nós um incentivo para perseverar na fé.
O primeiro a ser mencionado é Abel. Ele agradou a Deus porque o seu sacrifício procedia da sua fé. Assim deve ser nossa oferta a Deus: nossa oferta não é uma negociação ou barganha; não compramos Deus com nossas ofertas. Elas devem brotar da fé: nela nós reconhecemos que só oferecemos o que recebemos de Deus, por isso a oferta é ação de graças. A fé faz com que nossa oferta esteja intimamente vinculada a nós: na oferta oferecemos a nossa própria vida.
O segundo exemplo é o de Henoc que não morreu pois foi arrebatado ao céu. Isso aconteceu por causa de sua fé. O exemplo de Henoc é importante para nós porque nos ensina que não poderemos agradar a Deus sem a fé. Assim como Henoc, queremos ser arrebatados por Deus, mas isso só acontecerá se tivermos fé.
O terceiro exemplo é Noé pois ele fez a vontade de Deus. A vontade de Deus poderia parecer estranha, pois Deus mandou construir uma arca num país seco e árido. O fato de ter levado à sério a ordem de Deus é um exemplo claro para nós quando temos que enfrentar as provas de fé que Deus põe em nossa vida.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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