Sábado da 16ª Semana TC
Jr 7,1-11
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Com grande firmeza e coragem, Jeremias lutou contra as ilusões religiosas do seu povo, especialmente dos que frequentavam o templo de Jerusalém. Em Jerusalém, Salomão tinha edificado o magnífico Templo. As pessoas se sentiam seguras ao frequentar o Templo, uma vez que estavam convencidas de que Deus não podia abandonar o lugar no qual tinha fixado a sua morada. O problema é que os frequentadores do Templo tinham alterado o que era sinal da bondade e condescendência de Deus em motivo para uma falsa segurança. Assim, as pessoas que prestam culto a Deus, acreditavam que bastava oferecer sacrifícios cultuais sem a necessidade de uma melhoria na conduta pessoal. “Roubar, matar, cometer adultério e perjúrio, queimar incenso a Baal, e andar atrás de deuses que nem sequer conheceis; e depois vindes à minha presença, nesta casa em que meu nome é invocado”.
O fato de Jerusalém ser a morada de Deus deveria ser motivo para uma mais decidida preocupação com a conduta moral, uma vez que ir ao Templo significa se pôr na presença de Deus. A garantia da presença de Deus é uma exigência de conversão e não motivo para a falsa segurança e a presunção da salvação.
Para que o culto seja autêntico é preciso que ele seja expressão de uma verdadeira relação pessoal com Deus. Para agradar a Deus não basta frequentar o lugar sagrado. É preciso que o modo de viver corresponda à vontade de Deus. Por isso o profeta adverte: “Não ponhais vossa confiança em palavras mentirosas, dizendo: é o templo do Senhor, o templo do Senhor! Mas se melhorardes vossa conduta e vossas obras, se fizerdes valer a justiça, uns com os outros, não cometerdes fraudes contra o estrangeiro, o órfão e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, e não andardes atrás de deuses estrangeiros, para o vosso mal, então eu vos farei habitar neste lugar.”
De fato, os judeus viviam uma dicotomia grave entre a vida cotidiana e o culto religioso. A vida pessoal estava cheia de todo tipo de injustiças e de abominações, o culto religioso era realizado com pompa e solenidade, observando todas as minúcias cultuais, mas de modo exterior e vazio. Eles se refugiavam no culto para esconder dos outros e de si mesmos uma vida asquerosa e depravada. Por isso tinham convertido o templo num refúgio onde os malfeitores podiam se esconder e se sentir seguros. É por isso que Jeremias, em nome de Deus, declara com toda a tristeza: “Esta casa em que meu nome é invocado, tornou-se uma caverna de ladrões”.
Jesus recorreu a essas mesmas palavras quando expulsou do Templo os cambistas e os vendedores. O templo, definitivamente, não deve ser capa para ocultar vidas sujas, nem lugar para comércio. O Templo é a casa de Deus; é casa de oração; é o lugar onde a pessoa pode conhecer a vontade de Deus e dialogar com Ele. Ir ao Templo com a intenção de parecer bom e santo e com o coração maldoso é atrair sobre si o julgamento e a condenação de Deus.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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