Comentário ao Evangelho – Sábado 19/02/2022

Sábado da 6ª Semana do TC

Tg 3,1-10

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A leitura de hoje pode parecer centrada na necessidade de dominar a língua. Mas tudo o que é dito sobre a língua e os danos que seu descontrole pode causar tem, na verdade, uma intenção mais profunda. A leitura, na verdade, quer advertir sobre as qualidades que uma pessoa que deseja ser mestre deve ter. Com efeito, o a leitura começa com uma advertência severa: “Sabeis que nós, os mestres, estamos sujeitos a julgamento mais severo!

O desejo de ser mestre, de se sentar na cátedra para ensinar o outros parece ser universal e de todos os tempos. Mas será que é assim tão natural e fácil ser mestre dos outros?

Tanto na Sinagoga quanto na Igreja os mestres têm recebido grande estima. Assim o prestígio pode motivar muitos a quererem desempenhar esse ofício. Tiago se considera um mestre dentre os verdadeiros mestres na Igreja e, por isso, se sente na obrigação de alertar para a grande responsabilidade que tal magistério implica.

Tiago acentua a enorme responsabilidade daqueles que são encarregados de interpretar e ensinar a Palavra de Deus ao povo e, por isso, se dirige aos mestres que emitem opiniões com tanta convicção como incompetência nas matérias relacionadas com a religião.

O desejo de ser mestre da lei de Deus não pode ser motivado pelo prestígio ou estima que tal encargo implica nem por presunção petulante. É decisivo para um bom mestre conhecer a vontade de Deus e o desejo de comunicar tal vontade aos irmãos.

É por causa disso que São Tiago mostra como são poucos os homens perfeitos no domínio da língua. A incapacidade de dominar a língua se torna particularmente grave quando essa incapacidade está nos que tem a função de ensinar a Palavra de Deus.

O mestre deve saber controlar a língua e, por isso, também o seu comportamento. Nesse sentido, São Tiago enumera uma série de exemplos que têm por finalidade mostrar como um pequeno membro pode ter influência decisiva sobre si e sobre os outros.

A língua é como a fagulha. Como uma pequena fagulha incendeia toda a uma floresta, assim a língua de um falso mestre pode incendiar toda a existência humana e a convivência entre as pessoas. Esse exemplo é de uma enorme atualidade. Infelizmente temos visto pessoas, investidas de encargos importantes, por não terem o domínio sobre a própria língua, em vez de unir e de exortar para a prática do bem, insuflam ódio e divisão entre as pessoas, semeiam discórdia na sociedade, insultam pessoas e instituições e envenenam a convivência humana. Uma língua descontrolada tem grande poder destruidor. E se for a língua de uma pessoa com autoridade causa ainda maior destruição.

Da mesma boca saem bênção e maldição”. A língua tem grande poder de construtivo ou destrutivo a depender da pessoa que fala. “Com a língua bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens feitos à imagem de Deus”. A língua pode ser fonte dos louvores mais sublimes, mas pode mostrar toda a sua monstruosidade destrutiva.

Fica, portanto, o alerta para nós! Especialmente para os que se arrogam o encargo de mestres dos outros.

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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