Comentário ao Evangelho – Sábado 08/10/2022

Sábado da 27a Semana TC

Gl 3,22-29

Clique para ouvir o Evangelho e seu comentário:

A Lei foi como um educador que nos conduziu até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé.

Como um educador, um pedagogo. Temos que tomar cuidado com um mal-entendido. A comparação que Paulo faz da Lei com o pedagogo que conduz a Cristo pode nos confundir. Quando ouvimos de pedagogo, pensamos em um profissional com formação especializada na pedagogia. Formou-se na faculdade em teoria e prática da educação, adquiriu competências profissionais, foi contratado por uma escola pública ou particular passa algumas horas do período letivo com nossas crianças. São Paulo nunca imaginou isso, quando afirmou que a Lei foi como um educador.

O que S. Paulo conheceu e que usou como comparação foi a educação segundo o modelo da sociedade grega de sua época. Na sociedade de Paulo, os primeiros anos da criança decorriam no gineceu, que era a parte da casa familiar reservada às mulheres. A parte masculina da casa era o androceu. Como se pode ver a segregação das mulheres, na sociedade grega, já começava na própria casa. Até os sete anos o menino permanecia no gineceu sob vigilância da sua mãe e da sua ama. Aos sete anos, o menino deixava de estar sob o controle da mulher para as mãos de um pedagogo. A função do pedagogo era de acompanhar o seu jovem amo nas saídas diárias, quando ia à escola ou a qualquer outro lugar público. O pedagogo carregava o material escolar do amo. Na rua, o pedagogo cuidava para que o menino tivesse um comportamento decente, que caminhasse com os olhos baixos e cedesse o lugar aos mais velhos. O pedagogo tinha ainda o direito de castigar corporalmente o menino se fosse necessário. O pedagogo era sempre um escravo.

O menino vivia praticamente com o pedagogo, entre os outros escravos, até a idade da adolescência.

Para uma função dessa esperaríamos que o escravo encarregado fosse escolhido entre os que tivessem qualidades de boa educação e de grande moralidade. Na realidade, sabemos que acontecia o contrário: era muito comum que o pedagogo fosse um escravo decrépito e aleijado.

Por isso é um erro grave de interpretação atribuir ao “pedagogo” de Paulo a nossa compreensão moderna da palavra “pedagogo”. São duas realidades completamente diferentes.

O que Paulo queria dizer com a sua comparação? A criança grega, durante os seus primeiros anos, vivia numa situação de inferioridade; a passagem para a maturidade significava para o filho uma verdadeira libertação.

Assim é a passagem do regime da Lei para a Graça, do legalismo para a lei do amor, da Lei para Cristo. quando Paulo fala que a Lei foi como um pedagogo que nos conduziu até Cristo, os seus ouvintes devem ter estremecido e se surpreendidos: é a Boa Nova! É o Evangelho: nova realidade, nova vida!

Cristo nos introduziu em uma nova vida. Ouçamos de novo as palavras do evangelho: “antes que se inaugurasse o regime da fé, nós éramos guardados, como prisioneiros, sob o jugo da lei”. Uma vez inaugurado o regime da fé, já não estamos na dependência do pedagogo.

A sociedade grega estava baseada sobre a segregação (os inferiores não podem se aproximar dos superiores): segregação das mulheres em relação aos homens; dos escravos em relação aos cidadãos livres; dos selvagens em relação aos civilizados. Paulo afirma que tudo isso pertence ao regime passado. Com Cristo começou o regime da fé, na qual todos somos filhos de Deus. “Com efeito, vós todos sois filhos de Deus pela fé no Cristo Jesus. Vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo”.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

Veja mais em: Biografia / Agenda do Arcebispo / Palavra do Pastor / Youtube / Redes Sociais

 

Compartilhe: