Quinta-feira da 28ª Semana do TC
Rm 3,21-30
Clique para ouvir o Evangelho e seu comentário:
Na leitura ouvimos Paulo afirmar: “o homem é justificado pela fé, sem a prática da lei judaica”. Essa afirmação pode ser entendida de maneira equivocada, como se Paulo dispensasse o cristão de respeitar a lei de Deus.
Primeiramente precisamos entender que Paulo usa a palavra “justiça” diferente da nossa compreensão atual. Quando ouvimos falar de justiça de Deus pensamos imediatamente na punição que Deus justamente dará aos pecadores. Paulo, porém, entende a justiça de Deus como a justificação gratuita. Para Paulo, a justiça divina é sobretudo a ação de tornar o pecador justo, de justifica-lo. Outras palavras modernas podem nos ajudar: indulto e anistia. Deus se apoia em sua própria justiça para, pelo perdão, tornar justo o homem. O Evangelho revela e promulga esse indulto oferecido por Deus e, ao promulga-lo, o põe em vigor e o aplica ao homem. Essa é a força do Evangelho. A única condição exigida para acolher o indulto, anistia, justiça é a fé. Assim o culpado não pode aduzir méritos, mas só pode confiar em Deus e aderir de coração a Jesus Cristo. O Evangelho assim oferece a salvação e a vida.
Deus é justo e doador a sua justiça. Quando somos justificados por Deus, nos é comunicada a Sua justiça que nos torna justos. A justiça de Deus é transmitida a nós e é ela que nos alcança a paz de consciência, a paz com os outros e a paz com Deus.
Toda a vida cristã é fundada nessa justiça de Deus comunicada a nós que fomos justificados. Mas para que a justiça de Deus nos justifique nos é exigida a fé. Nós não podemos nos libertar do pecado só com as nossas forças e devemos confessar que só Deus nos pode libertar. Do contrário cairemos no farisaísmo: nos consideramos justos, achando que são as nossas obras que nos merecem a salvação e ficamos somente com nossa pobre e frágil justiça.
O fundamento de toda a nossa vida cristã é a fé, a aceitação do Deus justo e bom, da justiça divina que nos liberta. Somente sobre esse fundamento é que podemos realizar a boas obras sem cair no farisaísmo de nos bastar a nós mesmos e achar que nossas boas obras façam de Deus nosso devedor. Uma árvore boa produz frutos bons e não são os frutos que fazem a árvore boa. O mesmo acontece conosco fazemos boas obras porque fomos tornados bons pela justiça divina que nos foi transmitida. Não somos nós mesmos que nos tornamos bons.
A fé nos faz confessar que recebemos tudo de Deus, também as nossas boas obras. Nós éramos incapazes de nos justificar. Deus, porém, interveio em nosso favor com a sua justiça sem algum mérito de nossa parte. Deus seja bendito pela sua justiça e bondade.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
Veja mais em: Biografia / Agenda do Arcebispo / Palavra do Pastor / Youtube / Redes Sociais