Comentário ao Evangelho – Quinta-feira da 1ª Semana TC – 12.01.2023

Quinta-feira da 1ª Semana TC

Hb 3,7-14

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Meditemos as palavras da Carta aos Hebreus: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como aconteceu na provocação, no dia da tentação, no deserto, onde os vossos pais me tentaram, colocando-me à prova durante quarenta anos”.

Para entender bem essa exortação é preciso recordar o episódio referido nessa passagem: o lugar da provocação, o dia da tentação no deserto.

A provocação e a tentação de Deus ocorreram depois que, tendo atravessado o deserto, os israelitas chegaram rapidamente a terra prometida. Moisés então mandou alguns batedores para explorar a terra que eles estavam para entrar. Quando eles retornaram, Moisés falou em nome de Deus: “Deus vos dá esse país! Vamos e tomemos posse dele”. Tratava-se de um país próspero e rico, onde corre leite e mel, abundante de colheitas e maravilhoso. Trata-se do dom de Deus: basta aceitá-lo; tomar posse do presente de Deus!

Infelizmente os israelitas ouviram outras vozes. Em vez de ouvir Deus, eles preferiram dar ouvidos às vozes da incredulidade: “é muito bom para ser verdade! Deus não nos dá esse país maravilhoso. Não conseguiremos tomar posse dele”.

Pior ainda, além das vozes da incredulidade, os israelitas ouviram também as vozes da rebelião contra Deus. Os exploradores, porque não acreditam no dom de Deus, começaram a falar mal da terra prometida: “os seus habitantes são terríveis, diante deles somos como gafanhotos; construíram fortificações impressionantes, e é perigoso pensar que possamos tomar posse do país”. Porque deram ouvidos a essas vozes da incredulidade, o povo começou a imaginar e a criar dificuldades intransponíveis: “as suas fortificações chegam até os céus”. Por isso, o povo acabou por se rebelar contra Deus: “Deus nos fez atravessar o deserto para nos fazer chegar a um lugar inacessível. Se, ao menos, tivéssemos permanecidos no Egito! Lá a vida não era boa, mas era vida! Aqui, neste lugar, não nos resta senão a morte”.

Foi assim que o dom de Deus foi convertido, no dia da tentação, em motivo de rebelião contra Deus. É em castigo a isso que Deus promete: “não entrarão no meu repouso”.

Segundo a Carta aos Hebreus, tudo isso aconteceu para que nos sirva de lição. “Cuidai, irmãos, que não se ache em algum de vós um coração transviado pela incredulidade, levando-o a afastar-se do Deus vivo. Antes, animai-vos uns aos outros, dia após dia, enquanto se disse ‘hoje’”.

Sempre há o risco de nós, em vez de ouvir a voz de Deus, ouvirmos outras vozes que nos fazer cair na incredulidade e na rebelião contra Deus. A ameaça de Deus de não entrarmos também nós no seu repouso é uma ameaça de amor: Deus ameaça para que a ameaça não tenha que ser cumprida.

Nós só podemos acolher de verdade a vontade de Deus, se tivermos fá na sua promessa. De fato, Deus nos pede coisas difíceis e exigentes. Por isso só poderemos realizar o que Deus nos pede se tivermos confiança na promessa divina.

Deus deseja que vivamos no amor, que permaneçamos no seu amor. Para isso, Deus nos promete dar Cristo. Deus não somente nos promete que viver no amor de Deus é possível, mas que foi já realizado por Cristo. E nós continuamos a dizer que viver como cristão é difícil e impossível para nós. Continuamos a reclamar das inúmeras dificuldades em viver como filhos de Deus; continuamos a dar desculpas para nossa preguiça. Em uma palavra não cremos na promessa divina: ele nos prometeu o Espírito, nos prometeu o Filho! E nós preferimos ouvir as vozes da incredulidade: viver como cristão é muito difícil; não vivemos mais nos tempos de nossos pais; não é possível aceitar as exigências da vida cristã que são muito antiquadas e medievais!

Ora, as dificuldades são reais, mas mais reais são as promessas de Deus! preferimos ouvir a voz de Deus ou damos ouvidos às vozes da incredulidade e da rebelião? As dificuldades são reais, mas elas não nos devem fazer cair na falta de fé em Deus e na sua promessa. Estar com o Senhor, permite que transformemos as dificuldades em ocasião para crescimento e amadurecimento da vida cristã.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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