Quinta-feira da 14a Semana do TC
Gn 44,18-21.23-29; 45,1-5
Clique para ouvir o Evangelho e seu comentário:
A história de José é como uma belíssima antecipação do Evangelho. José revela sentimentos de bondade delicada que nos comovem: “Eu sou José, vosso irmão”!
Ao se revelar aos seus irmãos, estes ficam aterrorizados, porque tem razões de sobra para temer a vingança de José. Afinal, ele é agora um homem reconhecido pelo Faraó e poderoso entre os egípcios. Eles atentaram contra a sua vida e lhe desejaram a morte, movidos pela mais abjeta inveja. José, ao contrário, não renega a sua fraternidade: sou vosso irmão! Mesmo que eles não tenham agido como tal, José assegura seus irmãos: “sou vosso irmão a quem vendestes para o Egito. Entretanto, não vos aflijais, nem vos atormenteis, por me terdes vendido a este país. Porque foi para a vossa salvação que Deus me mandou diante de vós, para o Egito”.
Essa atitude de José é maravilhosa: reconhece, no terrível crime de que foi vítima, a intenção providente e amorosa de Deus. José poderia ter interpretado os acontecimentos como uma ocasião de vingança: “Deus me salvou e agora Ele pôs em minhas mãos o destino de meus perseguidores”. Poderia até mesmo ter interpretado esses acontecimentos segundo a Escritura que diz que Deus premia os bons e pune os malvados. José, ao contrário, leu os acontecimentos mais profundamente à luz da providência misericordiosa de Deus: “foi para a vossa salvação que Deus me mandou diante de vós, para o Egito”. A interpretação de José não anula o crime: “sou vosso irmão a quem vendestes para o Egito”. O pecado contra a fraternidade não é mascarado nem atenuado: é contra a fraternidade vender o irmão e tentar mata-lo! Mas apesar desse crime, Deus maravilhosamente fez triunfar seu desígnio de amor: “foi para a vossa salvação que Deus me mandou diante de vós, para o Egito”. Deus escreve certo sempre, apesar de todas as nossas linhas tortas.
Assim os irmãos de José têm a oportunidade de se converter ao desígnio amoroso de Deus e de agora em diante colaborar com Deus em vez de se oporem a Ele. A bondade de Deus não pode ser vencida pelo pecado por pior que seja. Deus triunfa maravilhosamente sobre o pecado, mas não deseja derrotar o pecador. Deseja que o pecador se converta e viva.
José é uma antecipação de Cristo, pois ele ajudou os seus irmãos primeiramente a tomar consciência do erro cometido e, depois, consolando-os para que não fossem vencidos pelo próprio pecado. Fez seus irmãos verem que o crime cometido poderia ser superado e ser tornar uma ocasião de conversão. Fazendo o bem a quem o tinha prejudicado, José revela antecipadamente o mistério da cruz de Cristo. A cruz de Cristo é o documento de nossa condenação, pois retribuímos ao amor de Deus com a suma injustiça. Amando até entregar a vida, Cristo transformou o documento de nossa condenação em mistério de nossa salvação.
Jesus foi entregue a morte de cruz assim como José foi vendido aos egípcios para morrer. Mas esses acontecimentos de morte se transformaram, por vontade de Deus, em ocasião para a glorificação de José no Egito e para a glorificação de Jesus à direita do Pai. José poderia ter se vingado da injustiça sofrida e isso estava ao seu alcance. Com muito mais razão ainda Jesus, glorificado no céu, poderia ter punido os pecadores com a pena mais dura. Ao invés disso, José socorreu seus irmãos e o pai, e Jesus nos trouxe a vida e a ressurreição. A tremenda injustiça da morte de Jesus foi transformada em nossa justificação.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
Veja mais em: Biografia / Agenda do Arcebispo / Palavra do Pastor / Youtube / Redes Sociais