Miguel, Gabriel e Rafael, Arcanjos – festa
Jo 1,47-51
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Faz parte da nossa fé crer na existência dos anjos. A Bíblia dá testemunho sóbrio dessas criaturas celestes que se colocam como mensageiros entre Deus e os homens, sobretudo nos Evangelhos no qual os anjos são descritos com um papel bem definido. A Escritura e a Tradição nos falam somente o que precisamos saber sobre eles.
Os anjos são criaturas espirituais que dependem de Deus. Nesse sentido, eles não têm corpo e, por isso, não estão ligados às funções do corpo: eles não conhecem através dos sentidos do corpo (como acontece conosco), não tem instintos, não são masculinos nem femininos. A individualidade deles não procede da corporeidade.
A perfeição dos anjos depende da proximidade ao Criador. Quanto mais próximos de Deus, tanto mais perfeitos. Não se trata, porém, de uma perfeição que coincida com a perfeição divina, uma vez que são criaturas e receberam a existência de Deus. O ser deles é recebido e, por isso, eles não são eternos.
Os anjos são pessoas, mas diferente das pessoas humanas, pois não são pessoas compostas de alma e corpo.
É preciso reconhecer que há grande confusão quanto aos anjos: há o risco de considerar como fé da Igreja o que na verdade não o é, ou então de menosprezar algum aspecto importante da verdade revelada.
A existência dos seres espirituais, que a Sagrada Escritura chama de “anjos”, era negada nos tempos de Cristo pelos saduceus (cf. At 23,8). Negaram-na também os materialistas e racionalistas de todos os tempos. Mas “para nos livrar da fé na existência dos anjos, seria necessário corrigir radicalmente a própria Sagrada Escritura e, com ela, toda a história da salvação” (A. Winklhofer, Die Welt der Engel, Ettal 1961, p. 144, nota 2; in Mysterium Salutis, II, 2, p.726). Toda a Tradição é unânime nessa questão.
O Credo da Igreja é, no final das contas, um eco do que Paulo escreve aos Colossenses: “nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1,16). Em outras palavras, Cristo, o Filho-Verbo eterno e consubstancial ao Pai, “gerado antes de toda a criatura” (Cl 1,15) está no centro do universo como razão e eixo ao redor do qual gira toda a criação.
Reconhecemos sobretudo que a Providência, como amorosa Sabedoria de Deus, se manifestou na criação dos seres puramente espirituais para que melhor se manifestasse a semelhança de Deus neles, os quais superam em muito tudo o que foi criado no mundo visível, inclusive o homem que também é incancelável imagem de Deus. Deus que é Espírito absolutamente perfeito se manifesta sobretudo nos seres espirituais que, pela sua natureza espiritual, estão muito mais próximos dEle do que as criaturas materiais. Eles constituem quase o “ambiente” mais vizinho do Criador. A Sagrada Escritura oferece um testemunho bastante explícito dessa proximidade dos anjos a Deus.
Os anjos de Deus estão a serviço do Filho do Homem, ou seja, de Jesus de Nazaré. A nossa adoração não está dirigida aos Anjos, mas a Deus e ao Filho de Deus. Os Anjos são servidores de Deus que, na sua bondade infinita, foram colocados ao nosso serviço. Assim os anjos nos ajudam a ter um senso mais profundo da santidade e da majestade de Deus e, ao mesmo tempo, um senso de grande confiança, porque tais seres terríveis e excelsos são nossos servidores e amigos.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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