Comentário ao Evangelho – Quinta-Feira 21/05/2020

6ª Semana da Páscoa – ANO A

Jo 16, 16-20

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Pouco tempo ainda, e já não me vereis. E outra vez um pouco de tempo, e me vereis de novo.” Essas palavras de Jesus podem ser interpretadas em diferentes graus de profundidade e podem ser aplicadas a diferentes experiências.

A primeira aplicação dessas palavras se refere evidentemente à paixão e à morte de Jesus. Jesus sabe que está para desaparecer da vista dos discípulos, e isso será um tempo de tristeza. Os discípulos não o verão porque será ocultado deles pela sepultura. Mas a ausência de Jesus no sepulcro durará pouco: depois de três dias ele ressuscitará e aparecerá aos discípulos causando grande alegria.

As mesmas palavras de Jesus podem ser aplicadas ao mistério da ascensão e do Pentecostes. Depois de um período de 40 dias em que Jesus apareceu ressuscitado aos discípulos, Ele sobe aos céus e se senta à direita do Pai. Ele desaparece na nuvem, mas essa ausência de Jesus é aparente e dura pouco, porque no Pentecostes o Espírito Santo desce sobre os discípulos e torna Jesus presente de forma nova. A presença física dá lugar à presença no coração. Ele não está só diante deles, mas no coração deles. Graças ao Espírito Santo, Jesus glorificado está mais presente do que nunca, mais ativo do que nunca, mais enviado do que nunca.

Notemos como essa sucessão de ausência e presença de Jesus não só marcam tristeza e alegria, mas cada ausência leva a uma nova forma de presença; cada momento de tristeza conduz a uma alegria mais plena.

Nessa mesma linha, há, por fim, uma terceira aplicação das palavras de Jesus. Podemos dizer que a ausência-presença de Jesus marca o ritmo da nossa vida espiritual. Você já passou por experiências na qual a presença de Jesus é intensa e muda a sua vida? No entanto, essa experiência intensa da presença de Jesus dá lugar à experiência da ausência de Jesus. Depois de um tempo de alegria, sofremos a tristeza de sentir que Jesus parece se ausentar da nossa vida. Parece uma ruptura. Há de fato uma ruptura, mas não uma ruptura da relação com Jesus, mas sim uma ruptura na forma com que nos relacionamos com Ele. Quando isso acontece devemos nos recordar das palavras de Jesus. Ele está nos conduzindo a uma relação mais madura com Ele. Por isso a alegria que nos virá será ainda maior.

Por fim prestemos atenção para mais uma palavra de Jesus: “a vossa tristeza se transformará em alegria”. Jesus não diz que depois da tristeza vem a alegria. É a própria tristeza que se transformará em alegria. É a própria tristeza (tristeza pela ausência de Jesus; tristeza porque não conseguimos viver sem ele) que produz a alegria. É essa tristeza que se transforma em motivo de alegria. Entre a tristeza da morte de Jesus e a alegria da sua ressurreição não há somente uma relação de tempo, mas também uma relação de causa e efeito. É a própria cruz que conduz a ressurreição. É a cruz de Cristo que o fez ressuscitar. É a humilhação da cruz que produz a glorificação da ressurreição.

Isso é verdade também em relação às provas pelas quais passamos. Se enfrentamos a prova sofrendo pela ausência de Jesus, experimentaremos um crescimento no amor a Cristo e isso nos preparará a uma alegria ainda maior. Devemos recordar sempre: a tristeza não é feita para durar, a alegria não nos deve levar à exaltação. Na tristeza não permitir cair na depressão. Na alegria não nos exceder na alucinação da euforia.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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