Quinta-feira da 28ª Semana do TC
Ef 1,1-10
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Iniciamos a leitura da carta aos Efésios, uma carta esplêndida, com um tom diverso de todas as outras cartas de Paulo. Em todas as outras, há assuntos polêmicos e, até mesmo, argumentos violentos contra os inimigos da fé e contra as heresias que começam a surgir entre os cristãos. Nesta carta aos Efésios, ao contrário, constatamos um tom de serenidade e de entusiasmo que não é perturbado por polêmica alguma.
“Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo. Nele, as nossas faltas são perdoadas, segundo a riqueza de sua graça, que Deus derramou profusamente em nós. Ele nos fez conhecer o mistério da sua vontade”.
São Paulo está admirado com a generosidade de Deus. Ele se maravilha com o esplendor da graça divina e a sua riqueza imperscrutável. Paulo fica admirado sobretudo com o dom da unidade da Igreja. De fato, a carta aos Efésios é uma carta da unidade do Povo. A Igreja é formada por judeus e pagãos unidos na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esse é o grande mistério que Paulo contempla admirado. É o mistério que não foi revelado às gerações anteriores e que agora foi revelado pelo Espírito Santo. Essa revelação consiste no fato de que os pagãos são feitos herdeiros das mesmas promessas do povo da primeira aliança: os judeus.
Deus parecia que tinha limitado o seu projeto de salvação somente a um povo. Agora, porém, foi revelado que a escolha do povo eleito foi feita em vista da salvação de todos os povos e pessoas. Deus não limita a sua generosidade. Até mesmo a rejeição do povo eleito de Cristo assinalou a reconciliação universal do mundo.
Isso tudo nos ensina que Cristo deseja que a graça assinala um privilégio e uma responsabilidade. A graça da salvação é sempre algo imerecido e que está muito para além dos nossos merecimentos. Por isso receber o dom da salvação em Cristo é sempre um privilégio imerecido. Esse privilégio, porém, assinala para nós uma responsabilidade: o que recebemos não deve ser mantido somente para nós, mas deve ser partilhado com os outros que não receberam tal dom. Jesus continuamente nos convida a sermos generosos como Deus foi generoso para conosco. Ele que passemos os nossos privilégios aos outros, que nos alegremos com a conversão dos pecadores e que não fiquemos tristes com a salvação dos outros.
O Senhor quer que nosso coração esteja aberto para acolher todos os que a generosidade do Senhor acolhe. Assim fez São Paulo. Ele exprime nesta carta toda a sua felicidade pelo fato de os pagãos serem recebidos generosamente na herança de Israel. Ele não fica com inveja porque os pagãos são recebidos nessa herança.
Procuremos nos unir a essa atitude de Paulo: a de desejar a todos o dom do Evangelho a fim de que eles também cheguem a salvação conosco.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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