Comentário ao Evangelho – Quinta-feira 07/07/2022

Quinta-feira da 14a Semana do TC

Os 11,1-4.8c-9

Clique para ouvir o Evangelho e seu comentário:

A leitura que ouvimos está entremeada de sentimentos paternais e maternais, de dramatismo interno, de afetos intensos e profundos. O que se transmite não tem paralelos em todo o Antigo Testamento. É como uma pérola preciosa, o tesouro escondido, um ponto alto da revelação sobre a natureza de Deus em todo o Antigo Testamento.

O profeta Oséias chega à essa altura e profundidade do mistério de Deus não através de visões, nem de êxtases, tampouco de arrebatamentos extraordinários. Chegou a essa intuição do mistério divino através da experiência ordinária de ter um filho nos braços. Bastou-lhe ter um filho nos braços para compreender o amor de Deus. “Quando Israel era criança, eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho. Ensinei Efraim a dar os primeiros passos. Eu os atraía com laços e humanidade, com laços de amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo, e rebaixava-me a dar-lhes o que comer”.

A intuição desse amor afetuoso de Deus a partir do afeto que um pai tem pelo seu filho querido é também o que torna ainda mais dramática o desamor do seu povo: “Quanto mais eu os chamava tanto mais eles se afastavam de mim. Tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que eu cuidava deles”. É preciso ser pai para compreender o sofrimento causado a Deus com a nossa infidelidade e pecado.

Deus poderia ter obrigado o povo a amá-lo. Afinal é Deus, mas Ele prefere respeitar a liberdade humana mesmo que isso lhe cause a dor da falta de correspondência.

Mesmo tendo tanto amado, ou melhor, exatamente porque o ama tanto, Deus castigou o seu povo. É isso o que pede a justiça. Mas Oséias parece passar por cima do castigo, uma vez que o castigo nunca é a última palavra de Deus. A última palavra de Deus é sempre a misericórdia: “meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão. Não darei largas à minha ira. Eu sou Deus, e não homem; o Santo no meio de vós, e não me servirei do terror”.

A última palavra de Deus sobre a história, a humanidade e o mundo é Jesus Cristo: Deus amou tanto o mundo que lhe entregou seu próprio filho.

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

Veja mais em: Biografia / Agenda do Arcebispo / Palavra do Pastor / Youtube / Redes Sociais

 

Compartilhe: