Comentário ao Evangelho – Quarta-feira da 4ª semana do TC – 01.02.2023

Quarta-feira da 4ª semana do TC

Hb 12,4-7.11-15

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Em nossa vida cotidiana, muitas vezes, acontece de a gente parar nas aparências negativas e não sermos capazes de ver nelas a ação de Deus. As provações e as dificuldades acontecem na vida de todas as pessoas, sejam elas religiosas ou não, mas nós achamos que, para nós cristãos, a provações não deveriam acontecer. Concebemos erroneamente a fé como um tipo de salvo conduto contra todas as provações, e quando acontecem coisas que nos contrariam, nos lamentamos com Deus: “para que serve a fé, se ela não me preserva dos sofrimentos? O que me adiante ter fé, se ela não me preserva das dificuldades da vida?”

A leitura nos ensina a superar essa forma míope de entender a vida cristã e a ver nos acontecimentos difíceis e penosos a presença de Deus que nos ama.

Depois de ter comparado os sofrimentos com os esforços esportivos para alcançar a meta, São Paulo explica os sofrimentos presentes a partir do modelo de uma educação paterna severa e afetuosa. Uma educação autenticamente paterna implica tanto o afeto quanto a severidade: “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando ele te repreende; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como Filho”.

Tudo o que sofremos atualmente é uma correção afetuosa e austera do Pai. Por isso, ver os acontecimentos negativos somente superficialmente é falta de fé. “É para a vossa educação que sofreis, e é como filhos que Deus vos trata”.

É necessário, portanto, que reconheçamos em tudo uma relação filial com Deus e uma intenção de amor do Pai as quais devemos corresponder com a fé. A fé, de fato, muda tudo: as provações são iluminadas a partir de dentro; em vez de permanecerem como causa de sofrimento, se transformam em ocasião para crescimento na relação filial com Deus.

É verdade que, quando sofremos, experimentamos a provação como abandono de Deus e falta de amor. Assim como acontece na correção do filho, a primeira impressão não é agradável e é comum o filho se rebelar contra o pai. A fé, porém, nos ajuda a ver que a verdade é exatamente o contrário do que experimentamos num primeiro momento: “no momento mesmo, nenhuma correção parece alegrar, mas causa dor. Depois, porém, produz um fruto de paz e de justiça para aqueles que foram nela exercitados”.

A fé é necessária para que nós não fixemos o olhar nas aparências e nas provações presentes. A fé é necessária para que possamos ver nas provas, o afeto e a severidade da educação paterna. A fé é necessária para superar o nosso amor próprio ferido, quando somos corrigidos por Deus. A fé é necessária para que não ouçamos a voz da aparência, mas que ouçamos a Palavra de Deus que nos ensina: “É para a vossa educação que sofreis, e é como filhos que Deus vos trata”.

Devemos nos alegrar não somente porque a correção de Deus nos ajuda a crescer, mas sobretudo porque a correção estreita a nossa relação com o Pai. A correção paterna nos ajuda a sermos mais semelhantes ao Filho Jesus!

Jesus, mesmo sendo Filho, aprendeu a obedecer pelas coisas que sofreu e conheceu uma educação afetuosa e severa do Pai. Assim também nós podemos ser levados à perfeição de união com Cristo através da educação austera do Pai. Podemos assim crescer muito no vínculo de amor que nos une ao Pai por meio de Cristo.

Por todos esses motivos: “firmai as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos; acertai os passos dos vossos pés, para que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado”.

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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