Quarta-feira da 1ª Semana do TC
Hb 2,14-18
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A carta aos Hebreus nos apresenta Jesus como o Sumo Sacerdote. Jesus é sacerdote sim, mas de uma forma diferente dos sacerdotes do AT. O AT não destacava como qualidade do sacerdote a misericórdia, mas a separação e a santidade. O sacerdote do AT devia estar separado dos outros para estar do lado de Deus. Muitos episódios do AT nos mostram como o Sumo sacerdote devia se impiedoso para com os pecadores. Ele devia se separar dos pecadores e tratar com dureza os pecadores.
Ao contrário, Jesus é o Sumo Sacerdote que alia as duas coisas: santidade e misericórdia. A sua santidade não o põe acima de nós. Ao contrário, por que se encarnou, Ele está ao nosso lado pela misericórdia, sem deixar de estar ao lado de Deus pela santidade. Ele tomou para si a nossa carne e o nosso sangue. Ele assumiu os nossos sofrimentos, as nossas penas e até a nossa morte para poder nos ajudar. “Que os filhos têm comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo, e libertar os que, por medo da morte, estavam a vida toda sujeitos à escravidão”.
Jesus é misericordioso pela sua união com Deus e com os sofredores. Ele está unido a Deus e a nós. Esta é a grande revelação da encarnação: Jesus é Sumo sacerdote porque é o Filho e porque se encarnou.
O AT falou muito da misericórdia de Deus, mas a encarnação de Jesus demonstra que Deus quis tomar a nossa natureza humana para ter ainda maior compaixão de nós. De fato, pela encarnação, Jesus se comoveu, chorou, se encolerizou, sofreu conosco e foi tentado por Satanás. “Pois tendo ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem tentação”.
Isso é para nós motivo de conforto e de reconhecimento. Sabemos que o Senhor está sempre perto de nós. Sabemos que qualquer sofrimento ou tentação, dificuldade ou pena nunca é um obstáculo entre nós e Jesus. Pelo contrário, pode ser um meio de nos unirmos ainda mais a Ele.
Devemos ver todas as coisas, que na nossa vida parecem negativas, não como um obstáculo, mas como um meio e uma oportunidade de crescer em nossa união com Deus e na abertura aos outros. É um grande dom saber que as dificuldades vêm sempre acompanhadas pela possibilidade da graça da união com a paixão de Cristo e da solidariedade com os outros.
Estes dois aspectos (a união com a paixão de Cristo e a solidariedade com os sofredores) são inseparáveis na nossa vida cristã. Unindo-nos à paixão de Cristo, nós podemos ajudar os sofredores, e sendo solidários com os atribulados nos unimos a Cristo sofredor.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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