Quarta-feira 5ª semana da Páscoa
At 15,1-6
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A leitura narra em poucas palavras um grave problema que afligiu a Igreja nascente e ameaçou a sua unidade e identidade. Para nós que vivemos há séculos de distância a decisão a ser tomada nos aparece como clara e fácil. Mas para a época, a decisão não era nada fácil. Por isso é preciso que nos esforcemos em nos situar no contexto da época. Fazendo isso, poderemos nos dar conta da gravidade e dificuldade da questão se o cristão deveria ou não se fazer circuncidar.
Simplificando bastante a situação da Igreja podemos dizer que havia duas tendências pastorais e eclesiais, representadas pelas Igrejas de Jerusalém e de Antioquia.
A Igreja de Jerusalém era formada por judeu-cristãos, conservadores. Eles se consideravam uma espécie de Israel fiel que estava se desenvolvendo para ser o novo Israel total e definitivo. A Igreja de Jerusalém se considerava, portanto, como a continuidade e a realização de Israel. Para garantir essa continuidade com Israel eles contavam com a descendência física e, espiritualmente, com a circuncisão e a observância da Lei.
A Igreja de Antioquia, por sua vez, era heterogênea em sua composição e dinâmica na sua irradiação. Era uma comunidade pluralista e que abria para fora com naturalidade.
São dois caminhos evangelizadores e duas identidades eclesiais que se opõem. Elas se tornarão inconciliáveis? Foi isso que alguns membros mais rigoristas começaram a fazer: tornavam a diversidade em problema, transformavam a pluralidade como algo incompatível com a unidade. Por isso, a posição deles era pura e simplesmente aquela de obrigar a todos cristãos a aceitarem a circuncisão e a observância da Lei judaica. Em outras palavras: para ser cristão, primeiro era necessário aderir ao judaísmo.
A perturbação semeada por esse grupo rigorista judaizante foi tão grande que foi necessário levar a questão aos Apóstolos. Foi assim que se reuniu o primeiro Concílio da Igreja: o Concílio de Jerusalém.
Por Dom Julio Endi Akamine SAC
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