Comentário ao Evangelho – Quarta-feira 23/06/2021

Quarta-feira da 12ª Semana do TC

Mt 7, 15-20

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Cuidado com os falsos profetas. João Batista é o único profeta a indicar o Messias, por isso ele é o maior dos nascidos de mulher. É reconhecido pelo próprio Jesus como mais do que um profeta: voz que clama no deserto, precursor do Messias, testemunha de Cristo, aquele que batizou o autor do Batismo, o Elias esperado. João Batista diminuiu para que Cristo crescesse; reconheceu que não era digno sequer de desamarrar as correias das suas sandálias; que aquele que viera depois dele, tinha passado a sua frente.

Em contraste com João Batista, tão recomendado por Jesus, hoje o próprio Jesus nos adverte contra os falsos profetas. Os falsos profetas são os que falam e não fazem; são os que amarram pesados fardos sobre os outros, mas não estão dispostos sequer a suportar tais fardos com o dedo.

Os falsos profetas conhecem a porta estreita e o caminho apertado, tanto que os ensinam aos outros, mas eles mesmos não passam pela porta estreita nem trilham o caminho apertado. Há uma incoerência entre o que ensinam e o que vivem: uma incoerência que não é devida à fragilidade e à debilidade humana, nem é uma incoerência que decorre do fato de a Palavra de Deus ser sempre maior do que nós, pobres pecadores, mas que tem como causa a hipocrisia daquele que faz da Palavra uma mercadoria, que a instrumentaliza para os próprios interesses e para sua vaidade.

A incoerência entre o que ensinam e o que vivem é, portanto, uma estratégia de vida, uma instrumentalização da Palavra de Deus para obter fama e uma bela fachada que estão finalizadas a esconder e a ocultar uma vida de pecado. Para usar uma expressão de Jesus, são sepulcros caiados, bonitos por fora, mas por dentro cheios de podridão.

Pela pregação, o falso profeta se parece com Cristo cordeiro: fala como Ele, pode até mesmo parecer viver como Ele, mas na verdade o coração está longe de Cristo: são lobos em pele de cordeiro. Os falsos profetas têm a boca de Jesus, mas não o seu coração. Aceitam e admiram a mensagem de Jesus, mas não o amam nem o seguem realmente. Tem a aparência de Cristo, mas entregam o coração aos ídolos do mundo ou fazem de si mesmos o centro do culto e da vida dos seus seguidores. Como toda falsificação, esses profetas de araque na verdade não servem o povo de Deus, mas a si mesmos. Não alimentam as ovelhas, mas a si mesmos; não cuidam do rebanho, mas a si mesmos; não servem o povo de Deus, mas a si mesmos.

O que os falsos profetas pregam nem sempre é erro e mentira. Podem também pregar o Evangelho. Por isso Jesus diz que devemos fazer o que eles dizem, mas não fazer o que eles fazem (cf. Mt 23,3).

Deus nos livre de tal caminho, de tal falsificação do ministério da palavra, de tal perversão do serviço pastoral, tal manipulação do culto a Deus.

 

Por Dom Julio Endi Akamine SAC

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